O ano de 2006 é para a nossa cidade o primeiro ano de mandato da CDU com a nova presidência da Câmara Municipal. Não se esperam grandes novidades já que, após vinte sete anos de uma política que colocou o Barreiro como cidade dormitório, a população Barreirense escolheu, o ano passado, mais do mesmo. Não se esperam grandes melhoras na qualidade de vida dos cidadãos barreirenses, nem grandes projectos camarários, até porque a campanha da CDU e o seu programa eram mais destinados a reclamar o que não se tinha feito em quatro anos de mandato socialista, do que propriamente a propor algo de melhor para o Barreiro.
Ainda assim há quem vá sofrer na pele devido à falta de visão das forças políticas barreirenses que têm representação na Assembleia Municipal, ou mesmo na vereação da Câmara. Refiro me aos cidadãos barreirenses que promovem o desenvolvimento desta cidade e que lutam diariamente pela produção de riqueza no Barreiro, através dos seus estabelecimentos de comércio na zona central do Barreiro. Isto porque já se começam a mexer as máquinas, junto ao estádio Manuel de Mello, para se construir o Fórum Barreiro.
Nasce o Fórum Barreiro com o exemplo de duas superfícies comerciais de sucesso como o Almada Fórum e o Montijo Fórum, no entanto as diferenças são substanciais, de tal modo que temo pelo fracasso deste projecto.
Em primeiro lugar, é inegável que ambos os exemplos são locais de grande fluxo rodoviário, entre Lisboa e a margem sul do Tejo, o que leva a que muitos dos seus utentes sejam os utilizadores das auto-estradas que todos os dias se vêm obrigados a passar-lhes à porta. O Fórum Barreiro não tem auto-estrada como vizinha, nem pode ambicionar, ainda que a tivesse a ter um fluxo rodoviário tão fluido como uma auto-estrada que acaba numa ponte de entrada, ou saída, de Lisboa.
Em segundo lugar, ambos os exemplos são construídos em terrenos fora dos centros urbanos, exactamente para potenciar a visita não só de habitantes dos concelhos limítrofes, como também dos próprios utilizadores das auto-estradas. Mas também aqui o Fórum Barreiro é diferente e vai ser construído mesmo no centro da cidade, o que leva a querer que se dirige essencialmente aos habitantes do Barreiro, sem procurar alargar o seu nicho de mercado.
Em terceiro lugar, ambos os exemplos são construídos em zonas onde não existe ainda comércio à volta, isto para potenciar dois factores; um primeiro de não afectar o comércio tradicional já existente na cidade e um segundo de tentar que grandes empresas se coloquem fisicamente a seu lado, graças à movimentação de pessoas que o fórum acarreta, trazendo investimento à própria cidade.
No Barreiro mais uma vez a situação é diferente, ataca-se o comércio tradicional já existente, construindo um fórum no fim de uma avenida recheada de comércio nos dois lados da rua, bem como se constrói o dito fórum num local onde não haverá espaço para futuras instalações de outros grandes centros comerciais.
Por ultimo, é objectivamente diferente a opção feita em qualquer dos outros dois fóruns quanto à criação de emprego. Em qualquer dos dois exemplos as construções do fórum foram objectivamente geradoras de emprego e de desenvolvimento para os dois concelhos. No Barreiro a criação do Fórum gerará alguns postos de emprego, obrigatoriamente, mas também trará consigo necessariamente o desemprego para todos os actuais trabalhadores do comércio tradicional do centro do Barreiro, dada a localização escolhida para o fórum.
A tudo isto acresce o facto de proliferarem no Barreiro uma panóplia enorme de centros comerciais, desactivados ou desabitados de qualquer actividade comercial. Não poderá, qualquer dos partidos com responsabilidade na gestão da nossa cidade, negar que centros comerciais como Pirâmides, Cidade Nova, Diamante ou mesmo Miguel Bombarda, são erros de gestão, onde se perderam oportunidades de desenvolvimento e progresso para a nossa cidade, não sendo esta responsabilidade de nenhum partido em especial, mas de todos os que têm responsabilidade na gestão da nossa cidade. Uns porquê os propuseram sem pensar nas consequências; os outros porque não se opuseram eficazmente a esta gestão danosa e de resultados nefastos para o desenvolvimento da nossa cidade.
Espero que neste projecto, de maior dimensão e projecção, não se cometam os erros do passado e que ainda se possa arrepiar caminho às obras já começadas. Porque se é um facto que o Barreiro não têm uma auto-estrada que propicie os benefícios de Almada ou do Montijo, tem contudo uma estrada nacional bastante movimentada que compreende o troço entre Setúbal (capital de Distrito) e Lisboa (capital do País), atingindo o Barreiro em Coina; quem não aproveita o que tem pensado em tudo o que beneficia o vizinho, nem do que é seu retira a máxima utilidade.
Coina é também um dos limites do Concelho do Barreiro, o que facilita e permite que habitantes dos concelhos limítrofes passem a ter o Fórum Barreiro como um ponto habitual de paragem e de oportunidade para a realização das suas trocas comerciais, permitindo ao Barreiro granjear maiores possibilidades de fixação de riqueza dentro das suas fronteiras. Pesando ainda o facto de Coina ter uma área pronta a receber qualquer estrutura empresarial que queira aproveitar a movimentação humana decorrente da construção do próprio fórum.
A opção por Coina permite ainda que se possa desenvolver uma das freguesias mais rurais do nosso Concelho, possibilitando ainda que se criem ai postos de emprego, sem necessidade de se perderem os já existentes, no comércio tradicional.
É a meu ver a solução que se procura e que se impõe para um verdadeiro Fórum Barreiro a ser criado em 2007, sob pena de neste ano de 2006 se construir a desgraça do comércio tradicional do centro da cidade. É a localização em Coina que permite que se alargue o nicho de mercado, desta infra-estrutura, de molde a ter um público alvo superior a 80 mil habitantes barreirenses, o que potenciará lojas de mais e melhor qualidade, sem as quais teremos mais um elefante branco vazio e desabitado na cidade.
*Vice Presidente da Juventude Popular do Barreiro
Tiago Cabanas Alves