Embora não dispense uma observação presencial, o instrumento é o primeiro passo para detectar e encaminhar os casos considerados problemáticos. Esta foi uma das principais medidas apresentadas durante um encontro que reuniu comunicação social e vários profissionais que trabalham com crianças, no qual foi feito um balanço do Programa Municipal de Combate à Obesidade Infantil e Juvenil.
Os intervenientes partilharam experiências e deram a conhecer o projecto, que decorre há três anos e envolve neste momento cerca de duas dezenas de crianças e jovens, dos 6 aos 15 anos. «Um dos grandes objectivos do projecto, que é totalmente gratuito, é alertar os pais para este fenómeno, que pode ter consequências graves no futuro», referiu o vereador do Pelouro do Desporto e responsável máximo pela iniciativa.
Para a vereadora do Pelouro da Educação, a obesidade é também «um problema cultural». «Apesar da autarquia ter feito, nos últimos anos, um grande investimento para equipar as escolas com refeitórios que promovem dietas equilibradas, a verdade é que a maioria das crianças não tem uma boa alimentação em casa, não comem fruta, sopa, etc.».
A vereadora mostrou-se ainda preocupada com o facto de muitas crianças terem uma vida sedentária e destacou a importância da prática de actividade física. «Nos últimos anos a autarquia abriu vários espaços desportivos das escolas à comunidade, pois não faz sentido que aos fins-de-semana e nas férias escolares equipamentos com óptimas condições estejam fechados», disse. «Este é um importante contributo para incentivar a prática regular da actividade física, sobretudo em família», reforçou.
Ilídio Cardoso, professor de educação física e membro da equipa do Mexe-te!, falou da experiência dos últimos anos. «Temos constatado que nos últimos anos o número de alunos com excesso de peso aumentou significativamente, o que é preocupante», frisou o professor. «O apoio da família é fundamental neste processo e muitas vezes há pais que têm dificuldade em admitir que têm um problema», acrescentou. «Costumamos designar esta geração como “geração do polegar”, visto que passam imenso tempo sentados a jogar jogos electrónicos e acabam por não saber brincar», realçou.
Em relação às aulas, Luís Cruz, professor de educação física e membro da equipa do Mexe-te, explicou que são importantes para cativar as crianças. «Tentamos fazer tudo de uma forma muito lúdica, sem um plano rígido, para que os miúdos se divirtam ao máximo», explicou.
Quanto ao acompanhamento psicológico, Cláudia Cação, a psicóloga que trabalha no projecto, começou por explicar que «o acompanhamento é feito de uma forma muito individual, pois cada caso é um caso, e sempre com o envolvimento dos pais». O processo começa com uma entrevista clínica, onde são recolhidos todos os dados da criança e família. Depois de determinado o grau de risco de cada criança ou jovem são elaboradas medidas personalizadas, consoante a especificidade de cada caso. «As alterações têm de ser graduais, um passo de cada vez, para que não afectem as crianças», frisou Cláudia Cação.
A má alimentação dos jovens foi um dos pontos focados pela professora Sandra Alvarez. «Tenho alunos que são excessivamente magros porque não comem e outros que sofrem de excesso de peso porque não têm uma alimentação saudável. A ausência de pequeno-almoço e o consumo de doces e alimentos embalados ao lanche é uma realidade com a qual nos deparamos todos os dias», afirmou a docente.
No final do encontro, Lucília Baioneta, especialista em alimentação, preparou várias receitas apetitosas, saudáveis e de rápida preparação adequadas a um lanche a meio da manhã. «Hidratos de carbono, lacticínios e fruta são alimentos indispensáveis na alimentação diária de qualquer pessoa», explicou. «Os frutos secos são alimentos que podemos trazer sempre connosco», acrescentou.
Foto: CM Sesimbra
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