Moita
   
  A Linguagem dos Números - 2004-11-03
   
 
No âmbito da minha actividade como Presidente da Comissão Política Concelhia do PS da Moita tenho, no último ano, intensificado os contactos com a população do Concelho. São diversos os assuntos relativamente aos quais tem sido possível reflectir tanto mais que, simples ou complexas, são matérias que afectam as pessoas na construção da sua vida e na satisfação das suas necessidades. Nesses périplos pelas freguesias, imensas vezes “veio à conversa” uma questão que eu diria “mitológica”.

Muitas pessoas, mesmo muitas, sentem-se arredadas de participar na vida política porque assumem existir uma certa inevitabilidade em sermos sempre governados pelos mesmos no Concelho da Moita. Há como uma espécie de “crença” de que “toda a gente” vota na CDU e, por isso, “não há nada a fazer” ou “não vale a pena, são sempre eles…”. Esta ideia, que não tem rigorosamente nada a ver com a realidade possível, foi sendo consolidada e tem sido “um dos encostos” da resignação.

Pretendo ser parte activa na desmistificação dessa “convicção”. Por isso, ousemos fugir à rotina do formato “tradicional” dos artigos de opinião e vamos abordar o tema das Eleições Autárquicas em números. Convido-o(a) a procurar responder a um conjunto mínimo de questões e a interpretar o que elas nos dizem. São cinco as perguntas que reservei para este exercício de reflexão. Nada complexas. Muito esclarecedoras. Afinal que grande é o “espaço” que temos a conquistar para que não fique nada na mesma daqui a menos de um ano (as próximas Autárquicas são já no próximo Outubro).

(os dados que se seguem respeitam à ultimas Eleições Autárquicas – 2001 - , no Concelho da Moita )

1. Dos 56.523 eleitores inscritos que percentagem não foi votar?
a) 39%
b) 54%
c) 49%

2. Quais as duas freguesias onde se verificaram os maiores índices de abstenção?
a) Baixa da Banheira e Vale da Amoreira
b) Moita e Vale da Amoreira
c) Alhos Vedros e Vale da Amoreira

3. A CDU governa a Câmara M. da Moita com maioria absoluta ( tem 5 dos 9 membros do Executivo Camarário) . Dos 56.523 eleitores, quantos votaram CDU?
a) 25.968
b) 30.565
c) 10.751

4. Qual foi a diferença de votos entre a CDU e o PS ?
a) 6.705
b) 2.303
c) 4.021

5. No Concelho da Moita qual o Partido/Coligação que ganhou nos dois actos eleitorais –Legislativas/2002 e Europeias/2004 – seguintes às Eleições Autárquicas/2001?
a) PPD/PSD
b) CDU
c) PS

Respondidas as questões, vejamos as respostas. Pois é! A abstenção no Concelho da Moita é superior em 14% à média nacional e 4% em relação à distrital, sendo, com o Seixal, dos concelhos mais abstencionistas do Distrito de Setúbal. A freguesia da Baixa da Banheira, que (quase) todos dizem ser absolutamente PCP, abstém-se acima da própria média do Concelho. A CDU tem maioria absoluta com o voto de 19% do eleitorado!

Estes números falam bem alto. Estes números dizem-nos que não é uma inevitabilidade prolongar os 30 anos de gestão comunista. Para a conquista de um novo rumo para o Concelho é necessário que a população se sinta motivada para a mudança, porque ela é necessária e possível. Pela nossa parte estamos a trabalhar com dedicação e competência para merecermos a confiança do eleitorado. A “ida às urnas” é a solução para a mudança. Compete ao PS, como o partido melhor posicionado para induzir a alternância, apresentar-se com uma alternativa. Assim será.

*Presidente da Comissão Política Concelhia do PS Moita
Membro do Departamento Nacional de Mulheres Socialistas
Membro da Comissão Política Nacional do PS

Respostas:

1. b) Dos 56.523 eleitores não votaram 30.565, ou seja, 54%. Este valor é muito superior às médias distrital – 49,7% - e nacional – 39,9%.
2. a) As abstenções no Vale da Amoreira (67,6 %) e da Baixa da Banheira (55%) foram superiores à média do Concelho (54%). Dos 30.565 que não votaram, cerca de 60% - 17.963 – são eleitores destas duas freguesias.
3. c) A CDU tem maioria absoluta na Câmara com o voto de 19% do eleitorado.
4. b) O PS tinha ganho as eleições se dos 30.565 abstencionistas, cerca de 7,5% tivessem votado nele.
5. c)

Eurídice Pereira

 
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