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  Vergonha de mim mesmo … -



   
 


O Brasil é um país de contrastes e exageros. O Natal é passado com calor, de calções e sandálias. As grandes cidades fazem inveja às capitais europeias. No entanto, venho-me embora, cada vez mais convencido de que não é a pobreza que ali impera mas a miséria.

A fome, no Brasil, atinge 36 milhões de pessoas. Mais de 13 milhões de pessoas vivem em favelas. Cerca de oito milhões de crianças vivem nas ruas. Um pesadelo onde o crime, a doença e a fome são os principais protagonistas.

Este ano estive em S. Paulo, Vitória do Espírito Santo e nas favelas do interior do nordeste brasileiro. A cidade de S. Paulo continua imponente, única.

Infelizmente revela-se falsa, pois, “nem tudo o que brilha é ouro” num país onde noventa por cento da riqueza se concentra em apenas dez por cento da população.

Mas nada se compara à miséria que acompanhei mais uma vez ‘in loco’ nas favelas do interior do nordeste brasileiro. Onde as casas, feitas de estacas e barro, suportam famílias numerosas. Crianças de seis anos tomam conta dos irmãos de seis meses, a alimentação é feita de farinha com água e o “banquete”, em dias afortunados, é feito de arroz e feijão.

Falei com mulheres que não tiveram outra opção que deixar os filhos com os avós e ir para as grandes cidades, à procura de emprego.

Foi gratificante testemunhar, mais uma vez, o papel fundamental da Igreja Católica nestes locais. Os missionários, com quem partilhei momentos inesquecíveis, são as pessoas mais bonitas que já conheci.

Pessoas que, de livre vontade, vivem para servir os outros. Fiquei também feliz ao encontrar dois jovens que ajudei a tirar das ruas. Hoje estão numa escola profissional.

No entanto, senti vergonha de mim mesmo quando perguntei o que tinha para o almoço a quem não tinha nada para comer.

Vergonha deste mundo que, tendo condições para acabar com a fome, permite que existam “Cemitérios de anjos” onde reside a memória de pequenos seres que só conheceram a miséria.

Vergonha desta humanidade egoísta, mesquinha, que vive na “loucura”, na busca insaciável de poder, caindo em depressões porque não se conseguiu ter a Lua. Nada disto faz sentido porque, do outro lado do planeta, existe música numa casa feita de estacas. Uma alegria absurda para quem vive de barriga vazia. Existe realmente quem seja feliz só porque está vivo. Há realmente quem seja tão honesto e solidário que divida a saca de feijão mesmo que seja o único bem que possui.

Foi no meio desta realidade, tão cruel, que custa a acreditar “no que os olhos vêem”, onde passei o meu Natal.

*Militante da Justiça e Direitos Humanos


 
Cláudio Anaia
2005-01-20
   

  

  
   
 

 

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