A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA INTEGRAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO!

Inteligência Emocionalnão se dedica apenas a analisar as emoções, ela engloba a capacidade em harmonizar a componente intelectual e as emoções.

As emoções não controladas prejudicam a capacidade de pensar e de agir de forma racional. A Inteligência Emocionalbaseia-se numa compreensão neurológica dos mecanismos do cérebro que tem implicações nos conhecimentos de como se formam estas capacidades e se podem ajudar as pessoas a desenvolvê-las. Assim, uma Competência Emocional, é uma “competência adquirida, baseada na Inteligência Emocional, que conduz a um desempenho emocional excelente”.

Quoficiente Emocional (QE)constitui um complemento do Quoficiente de Inteligência (QI)na medida em que o (QI) reflete dados de natureza cognitiva e o QE pretende abranger todo o conjunto de capacidades e aptidões humanas em termos de desempenho. 

Quoficiente de Inteligência (QI)não consegue por si só distinguir quem vai ser muito competente de quem vai ser apenas mediano. A outra diferença essencial é que ao contrário do QI que é determinado e limitado por condições de natureza genética e social pré-existentes, as competências da Inteligência Emocional  podem ser desenvolvidas ao longo da vida. Uma pessoa que por exemplo tenha em dada altura dificuldade em controlar as emoções, pode exercer e conseguir melhorar o seu comportamento neste campo ao longo da vida,  através das “experiências vivenciadas”, mas também através de treino adequado como sejam por exemplo as técnicas de  formação, o coaching e o mentoring.

Inteligência Emocionalnão pode ser vista como um número ou um ratio como o QI. É um perfil de forças e fraquezas composto com um conjunto de competências e capacidades. Certos Gestores podem por exemplo ser excelentes em vertentes como a Liderança e ter “handicaps” nas áreas de Auto-Domínio e Empatia, por exemplo.

No modelo de Daniel Goleman, são identificadas 20 competências. Não existirá contudo um indivíduo que reúna o máximo em todas essas competências. O que normalmente acontece é que certos indivíduos dominam uma massa crítica de cerca de 6 itens, e tem um desempenho regular nas restantes. Assim quer dizer, que para ser um “Bom Profissional”, basta reunir um nível razoável de capacidades e talento, não é preciso ser excecional em tudo. As competências emocionaisenglobam:

  1. Auto Consciência Emocional– reconhecer estados internos, emoçõees, preferências, recursos e limitações;
  2. Auto Avaliação Pessoal– reconhecer os recursos próprios, capacidades e limites pessoais;
  3. Auto Confiança– ter um sentido intenso do seu próprio valor e capacidades;
  4. Auto Domínio/Gestão do “Stress”– manter as emoções e os impulsos de rutura, num nível controlado;
  5. Inspirar Confiança/integridade– ser integro pelo desempenho social;
  6. Autonomia e Rigor/Assertividade– gerir-se a si mesmo e às suas responsabilidades;
  7. Adaptabilidade– ser flexível na resposta à mudança;
  8. Orientação para vencer– a necessidade de se aperfeiçoar ou alcançar padrões de excelência elevados;
  9. Iniciativa– prontidão para aproveitar as oportunidades;
  10. Empatia– ter a perceção dos sentimentos e perspetivas dos outros e interessar-se pelas suas preocupações;
  11. Conhecimento da Organização– capacidade para perceber a realidade organizacional, construir redes de decisão e mover-se à vontade nas políticas;
  12. Orientação para o Serviço – capacidade para reconhecer e ir de encontro às necessidades dos Clientes; 
  13. Liderança Visionária– capacidade para guiar e inspirar os outros com uma visão dominante;
  14. Persuasão/influência– capacidade para utilizar táticas eficazes de persuasão;
  15. Integração em grupo– trabalhar de forma adequada com os outros, com o intuito de alcançar objetivos comuns;
  16. Comunicação– saber ouvir e enviar mensagens claras, convincentes e ajustadas aos objetivos;
  17. Catalizador da mudança– muito eficiente a iniciar novas ideias e a conduzir as pessoas em novas direções;
  18. Gestão dos Conflitos– capacidade para atenuar desacordos e conseguir consensos/resolver problemas;
  19. Sociabilidade– eficiente a cultivar e manter uma rede de contactos;
  20. Liderança de Grupo– eficiente a promover a colaboração e construir grupos coesos 

Nas diversas áreas da psicologia existem debates acerca do funcionamento do cérebro humano mas, de acordo com Daniel Goleman, “a parte cerebral que suporta a inteligência emocional e social é o último circuito do cérebro a tornar-se anatomicamente adulto e, devido à “neuroplasticidade”, o cérebro acaba por se moldar de acordo com as experiências já vividas”.

É comum constatarmos, que alguns alunos que durante o ensino secundário e universitário são designados de “alunos brilhantes” pelas notas que obtém e portanto detentores de um QI elevado, não conseguirem adaptar-se adequadamente quando iniciam uma atividade profissional, falhando por exemplo em aspetos como a comunicação, o trabalho de equipa, a gestão de emoções,……Porque será que isto acontece?

A resposta para esta questão, está no facto de os cursos (ao nível do secundário/universitário) que atualmente são ministrados em Portugal , apostarem essencialmente em conteúdos programáticos assentes  numa percentagem elevada de teoria, e deixarem “abandonados” aspetos como sejam as competências emocionais, fundamentais para lidar adequadamente com situações adversas, ou para executar tarefas tão simples como comunicar com os outros, gerir o tempo ou conseguir efetuar com sucesso uma apresentação para um grupo/plateia. É através da “experiência” e da “vivência” que se aprende e que se melhoram as competências.

Podemos ainda acrescentar, que atualmente a generalidade dos jovens cada vez dão menos importância ao relacionamento interpessoal, muito devido à utilização “massificada” das tecnologias e das redes sociais, que acabam por os isolar cada vez mais do “mundo real”. Percebemos então, o quão importante é encontrar “ferramentas” que possam ser incluídas nos conteúdos programáticos dos cursos, que realcem as competências emocionais mais positivas de cada indivíduo, mas que por outro lado identifiquem as mais “frágeis” e possibilitem melhorar as mesmas,  através de treino adequado. 

Este será um desafio importante para os próximos anos, para educadores, professores, empresários, governantes, …….

José Vaz Quintino

Psicologo – Docente Universitário – Partner do Uneeq Consulting Group – Diretor Geral da Psicohelp