É triste, mas verdade e agonizante.

Há quem do amigo opte pela desistência.

Sozinho, perdido, despenteado e distante,

Sem nós perto, ao mundo falta resistência.

Aparentados? Não e isso é um facto.

Família? Aparentemente devia ser sim.

Mas foi patenteado um eterno pacto

Que devia de ser levado até ao fim.

O tema é há muito tempo mediático

Porém ainda não move montanhas.

Ajudemos vítimas dum acto traumático

Que mensalmente é alvo de campanhas.

Se a vida do dono não se compatibiliza,

Só há uma coisa a fazer que compensa.

Ou se dá uma opção que o bicho vitaliza

Ou se tira o direito da pessoa a uma licença.

São seres vivos, sentem e são nos leais,

Quem os tem por ter é um ser sintético.

Esquecendo-os dias a fio nos quintais

Até que o corpo se mostre esquelético.

Do que temem então estas reles gentes?

Que sejamos tratados como idênticos?

Podem ter cérebros menos inteligentes,

Mas os seus corações são mais autênticos.

Quem ousa abandonar é anormal,

Nunca será merecedor de confiança.

E o que tenta fazer mal a um animal

Jamais merece criar uma criança.

Mauro Hilário