Observação de Aves – parte 3
Continuando o assunto dos meses anteriores, falemos de quando encontrar as aves no estado selvagem:
A resposta generalista é simples – as aves estão em todo o lado e podem encontrar-se o ano inteiro. Entraremos agora em detalhes.
- Grande parte das aves está mais activa ao amanhecer e/ou entardecer, isto pode dever-se não só ao facto de acordarem com apetite para tomar o pequeno-almoço após a noite de descanso, mas também para aproveitarem alturas de menor calor enquanto buscam alimento, de modo a conservar melhor as suas energias.
- Em termos de aves limícolas (que vivem no lodo e nos limos) convém irmos até a zonas influenciadas pela maré como estuários e sapais, mas não em qualquer altura! Durante a maré cheia duvido que se encontrem lá as aves, porém na maré baixa e nas meias marés a diversidade destas aves aumenta, pois é na lama exposta após a descida do nível da água que conseguem chegar ao alimento preferido – invertebrados aquáticos, tais como camarões, caranguejos, minhocas-da-lama e pequenos peixes. Alguns exemplos de aves limícolas: pernilongo, alfaiate, borrelhos, maçaricos e pilritos.
- Outro dos “quandos” é a estação do ano. Das mais de 300 espécies encontradas em Portugal, muitas são migradoras, ou seja, movimentam-se propositadamente entre países e continentes na procura de melhores condições atmosféricas, temperaturas, locais para nidificarem e abundância de comida, fazendo parte do seu ciclo de vida, sendo um esforço físico grande que requer várias paragens. Em Portugal estes movimentos ocorrem entre a Europa do Norte e África, sendo que ficamos no meio de muitas destas viagens. Na primavera há geralmente deslocações de sul para norte, e no outono de norte para sul. Assim sendo muitas espécies podem ser observadas apenas de passagem durante a migração, enquanto outras só nos meses verão ou só nos de inverno. Para tal é necessário pesquisar o que se quer ver para saber quando ver. Estas migrações impulsionam eventos como o Festival de Observação de Aves de Sagres, realizado todos os outonos, pois é um local de passagem para estas aves.
Fique atento à quarta parte que sairá no próximo mês, onde se falará de onde as encontrar e algumas dicas úteis de observação.
Saudações Ambientais
Mauro Hilário
Vice-Presidente do Grupo Flamingo