A Câmara Municipal de Setúbal apresentou ontem, em reunião pública, uma saudação aos bombeiros portugueses, na qual defende a urgência na adoção de medidas para evitar a repetição de tragédias como as recentes.
A autarquia afirma que assume o seu papel no funcionamento do necessário dispositivo local de combate a incêndios, quer com a manutenção da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, quer com o apoio financeiro que concede aos Bombeiros Voluntários de Setúbal, que contribuíram para as operações de combate aos incêndios no último fim de semana.
Este dispositivo funciona “todo o ano e não apenas durante determinadas épocas”, pois “os fogos florestais não conhecem calendários”.
O município considera urgente a adoção de “medidas consistentes” para evitar a repetição de tragédias como as que acontecerem recentemente. “É da maior importância que o Estado assuma as suas inalienáveis responsabilidades por décadas de abandono de vastas zonas do interior do país onde se promoveu a desertificação com encerramento de serviços públicos e a promoção do afastamento de populações para as grandes cidades e para o litoral.”
A Câmara Municipal defende que os incêndios florestais e os elevados custos humanos e materiais que deles decorrem são “o resultado de décadas destas políticas em que a racionalidade financeira que levou ao encerramento de muitos serviços públicos e ao afastamento de populações gerou a mais iníqua irracionalidade humana”.
A autarquia recorda que os bombeiros são os primeiros a chegar e os últimos a abandonar o teatro de operações, assim como são “os primeiros a ter de suportar críticas injustas e deslocadas”.
Os bombeiros, refere a saudação, são “aqueles que, no fim, quando tudo arde, dos poucos que permanecem no terreno a dar a cara às populações, a assumir erros e a tentar, por todos os meios, salvar o que é possível salvar”.
São os bombeiros, na maioria voluntários, que “continuam a trabalhar com reduzidos orçamentos e com meios insuficientes” e a ser “escassamente pagos para assumir toda esta responsabilidade”, num quadro de “esquemas de pagamento das horas absolutamente injustos” e de “uma lei de financiamento que se demonstrou desadequada e geradora de enormes injustiças”.
A estes homens e mulheres que “tudo dão em troca de muito pouco” e que denotam “espírito de sacrifício, saber e resiliência”, a Câmara Municipal de Setúbal envia “uma forte saudação”.
Fonte: Câmara Municipal de Setúbal