A construção do terminal de contentores na margem esquerda do Tejo, no Barreiro, tem sido publicamente defendida pela presidente da Administração do Porto de Lisboa, Marina Ferreira, e pelo presidente da Câmara Municipal do Barreiro, que têm conseguido ao longo dos últimos meses apoios de peso para esta opção, designadamente o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), a Baía do Tejo, a Ordem dos Arquitetos, as Estradas de Portugal/ REFER, o Administrador Principal das Redes Transeuropeias de Transporte, José Laranjeiro Anselmo e o Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro. A estas vozes, juntou-se esta terça-feira a do edil de Lisboa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro, António Costa.

“Desenvolver o Porto de Lisboa significa desenvolver os 11 concelhos ribeirinhos, encontrando a vocação indicada para cada um. Este projeto do novo terminal no Barreiro, sendo viável, pode ser uma âncora de desenvolvimento do Arco Ribeirinho Sul”, afirmou o autarca socialista durante a assinatura do Acordo de Cooperação Institucional sobre a atividade portuária entre os municípios de Lisboa e do Barreiro e a Administração do Porto de Lisboa, numa cerimónia que decorreu a bordo de Pedro Nunes, um barco da Transtejo, em pleno Rio Tejo.

Para António Costa é essencial a realização de estudos que atestem a viabilidade e as boas condições de desenvolvimento deste projeto. “Creio que não é possível transmitir confiança aos investidores privados se numa região sistematicamente surgem e morrem projetos que são motivo de entusiasmo a que logo se seguem novas frustrações”, sublinhou o candidato a primeiro-ministro numa alusão ao projeto da Terceira Travessia do Tejo.

“O Atlântico é uma nova oportunidade em crescimento, não só pelo futuro tratado da União Europeia com os Estados Unidos da América e o Canadá, como também devido à revalorização que as rotas atlânticas vão ter em resultado da próxima duplicação do canal do Panamá que oferecerá novas rotas do Pacífico para o Atlântico com uma segurança acrescida relativamente às instáveis rotas do Médio Oriente”, sublinhou o autarca de Lisboa.

O presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto, defendeu que a Área Metropolitana de Lisboa deve assumir-se como o “motor de desenvolvimento económico do país”, acrescentando que “o Barreiro disponibiliza-se, tal como fez no passado, para ajudar o país promovendo uma reindustrialização adaptada aos tempos modernos que fomente, consequentemente, o desenvolvimento, o emprego de qualidade e, no sentido lato, a criação de riqueza”.

“A presença dos autarcas de Lisboa, mas também da Moita e do Seixal, é uma prova de que os municípios estão empenhados em desenvolver atividade portuária no Tejo e a apoiar, naturalmente, esta solução do terminal de contentores no Barreiro”, reiterou.

Os cerca de 240 hectares do Parque Empresarial da Baía do Tejo, que correspondem a 10 por cento do território do concelho do Barreiro, são um espaço que herdou os passivos ambientais do antigo complexo industrial CUF. Contudo, Carlos Humberto acredita que o novo terminal de contentores pode ser também uma oportunidade para acelerar o processo de descontaminação do Rio Tejo.

O presidente do município do Barreiro adiantou que está a ser preparada uma candidatura “de valores significativos” a fundos comunitários para “estudos e projetos” que deverá ser apresentada no decorrer do mês de fevereiro.

“Sabemos que é um percurso difícil, exigente, ainda inacabado, e como estamos num mar um bocadinho tumultuoso sabemos que há muito a fazer e a vencer, no entanto sabemos também que enquanto houver vento e mar agente não vai parar”, rematou o edil.

A presidente da Administração do Porto de Lisboa, Marina Ferreira, garantiu que o comércio marítimo, que corresponde atualmente a cerca de 90% do comércio mundial, vai “continuar a aumentar”, sobretudo com o acordo transatlântico, enaltecendo que “Portugal está bem posicionado, uma vez que tem o melhor tempo de trânsito para o mercado dos Estados Unidos da América, do Canadá e do México”.

“Esperamos que esta maneira de fazer projetos integrando e não excluindo, possa ser bem-sucedida”, frisou a responsável da APL.