Para comemorar o Dia Mundial do Teatro, a Câmara Municipal da Moita sugere dois espetáculos de teatro a decorrer este fim-de-semana no concelho: a 24 de março, João Grosso interpreta a “Ode Marítima”, de Álvaro de Campos, às 21:30h, na Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, na Moita, e a 25 de março, a Companhia “Não Matem o Mensageiro” apresenta “A Última Viagem de Lenine”, no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira.
A entrada é gratuita nos dois espetáculos.
Sinopses:
“Ode Marítima”, de Álvaro de Campos
(…) surge das suas entranhas um dos mais trágicos gritos da poesia europeia do nosso século (o mais maternal e antiquíssimo grito do Eros impossível pela Morte), esse grito ampliado às dimensões do Universo pela angústia sem fundo que deve preencher. (…)
(…) Ode Marítima nem é triste, nem monótona, é a Tristeza mesma, a sua (Fernando Pessoa) e lusa tristeza iluminada nos recessos mais secretos da sua imemorial passividade, atravessada por sobressaltos de alma e gestos que tocaram para fugir a ela impérios e fins do mundo. (…)
Como a pacata e ingénua Lisboa de 1915 não se sentiria agredida por esta irrupção insensata de demónios tão secular e fundamente agrilhoados nas suas íntimas masmorras.
Eduardo Lourenço — Fernando Pessoa Revisitado
“A Última Viagem de Lenine”
Dois passos atrás, um passo em frente!
Atenção senhores passageiros: o comboio longo-curso que traz Lenine a Lisboa circula com um atraso de 90 anos. Pedimos desculpa pelos incómodos causados, mas, às vezes, é preciso dar 90 passos atrás para conseguir dar um passo em frente.
Quando, em 1924, Lenine embarcou no comboio rumo a Lisboa, esperava encontrar um médico que o curasse da doença que lhe destruía o corpo e a mente. O que não esperava era sair em 2016 e descobrir que, passado um século, o nosso mundo mudou tão pouco. Noventa e nove anos depois da revolução que abalou o mundo, chega uma peça que promete abalar os teatros, com uma homenagem à Revolução de Outubro que traz para os nossos dias o verdadeiro Lenine: humano, generoso, destemido e revolucionário. Esta é uma comédia contra “os da mó de cima” e para “os da mó de baixo”: a história da Revolução Russa em 90 minutos, à espera de um comboio com 90 anos de atraso. A boa notícia sobre os comboios atrasados é que, mais tarde ou mais cedo, acabam sempre por chegar.