Foi com o rio Tejo e as embarcações tradicionais como pano de fundo que a Câmara Municipal da Moita apresentou publicamente, ao final da tarde do dia 22 de junho, no Cais da Moita, o projeto “Moita Património do Tejo”.
No âmbito deste projeto, a Câmara da Moita vai promover a inscrição das técnicas de construção e reparação de embarcações tradicionais do Estuário do Tejo no Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, para de seguida apresentar a candidatura deste património a inscrição na Lista do Património Cultural Imaterial que requer medidas urgentes de salvaguarda, da Unesco.
Na sua intervenção, o presidente da autarquia, Rui Garcia, afirmou estar convicto de que este projeto será “um contributo de grande importância para a salvaguarda das embarcações tradicionais do Estuário do Tejo, enquanto património vivo, não só do concelho da Moita, mas de toda a região”, acrescentando ainda que é o passo seguinte do caminho iniciado há três décadas pela Câmara Municipal da Moita, “o caminho da recuperação do Tejo, de salvaguarda do seu património e de regresso à vivência do Rio como fator de desenvolvimento social, ambiental e económico do concelho, da região e do país”.
Rui Garcia revelou também que é no concelho da Moita que se mantem vivo um elemento fundamental para a continuidade dos barcos típicos do Tejo: o último estaleiro de construção naval em madeira do Estuário do Tejo e um dos últimos do país, o Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos, do Mestre Jaime Costa. “Os barcos típicos do Tejo não sobreviverão ao desaparecimento do conhecimento e dos meios para a sua construção e manutenção. Os barcos de maior porte não dispensam a existência de um estaleiro, devidamente apetrechado de saberes e de meios”, explicou o autarca, referindo ainda que “a idade avançada dos artífices que trabalham no estaleiro e o facto de não se ter até agora conseguido atrair e fixar trabalhadores mais jovens, colocam em risco eminente a continuidade da atividade do estaleiro, ou seja, a continuidade da atividade dos barcos típicos do Estuário do Tejo. Por isso, esta urgência convoca-nos a todos para que mobilizemos esforços e encontremos caminhos para a sua salvaguarda”.
De referir que a Câmara da Moita foi pioneira na aquisição, em 1980, do varino “O Boa Viagem”, abrindo assim o caminho para que outras câmaras da região o fizessem e, ao longo de décadas, tem desenvolvido um importante trabalho de recuperação do rio Tejo, devolvendo-o às suas populações, reconhecendo, desta forma, a relação ímpar que a população do concelho da Moita tem com o Estuário.
Foi com orgulho que Rui Garcia referiu que, nos dias de hoje, “o Tejo conjuga de novo o seu imenso valor natural com as suas mais belas joias: os barcos típicos, com as suas linhas elegantes, as suas cores garridas, as suas decorações que expressam uma genuína arte popular, as suas velas arrojadas e os seus marinheiros valentes cruzam de novo em grande número as águas do estuário”, constatando ter sido o resultado de um “grande e persistente esforço conjunto das associações náuticas, dos proprietários de embarcações, de inúmeras pessoas individualmente, das autarquias, que tornou possível salvaguardar este património cultural material e imaterial. Um património vivo, que liga o presente à História e garante a perenidade da nossa identidade coletiva; e que afirma um potencial de futuro, pois demonstra a capacidade de encontrar nestes novos tempos as condições de atração e sustentabilidade que garantem a sua continuidade”.
A apresentação do projeto Moita Património do Tejo contou com um momento de dança, pelos alunos da Academia de Dança Alma Latina, da Sociedade Filarmónica Estrela Moitense, ao som de uma música dos Dead Combo, seguida da exibição de um vídeo sobre esta candidatura.