A presente pandemia veio alterar todas as nossas normais rotinas e cuidados. Para nos protegermos a nós e, consequentemente, aos outros temos que, para além do uso obrigatório da máscara e a desinfecção das mãos com álcool-gel, limitar as nossas deslocações para o mínimo indispensável.
Contudo, não nos podemos esquecer de que todas as outras doenças não pararam ou desapareceram neste contexto da pandemia. De entre elas, contam-se as doenças oncológicas cujo diagnóstico precoce e o prosseguir dos tratamentos é tão importante para obtermos o resultado desejado. É, portanto, de enorme importância que não adie exames ou tratamentos só porque a pandemia existe.
Na CUF existem circuitos bem definidos para salvaguardar a segurança, não só de todos os doentes mas também dos profissionais que nela trabalham.
O cancro da mama é o cancro de maior incidência nas mulheres, cerca de 11,5%.
Sabemos hoje que, desde o início da pandemia, o número de diagnósticos oncológicos baixou, mas isto não significa que os cancros já não existem, significa sim que muitos estão por ser identificados. Neste contexto, segundo estimativas da Liga Portuguesa Contra o Cancro, mais de mil cancros da mama, do colo do útero, colorretal e de outros tipos ficaram por diagnosticar em 2020.
Atenção: quando diagnosticado precocemente a probabilidade de cura é elevada, o que é provado pela diminuição contínua da mortalidade, por este tipo de cancro, que tem sido observada na última década.
É muito importante que as doentes mantenham a realização das suas mamografias e ecografias mamárias pois é nelas que, na esmagadora maioria dos casos, reside o segredo de um diagnóstico precoce.
É igualmente muito útil que as doentes mantenham uma observação e palpação regular das suas mamas – o auto-exame -, para que a detecção de algum nódulo, depressão na pele, área vermelha, corrimento mamilar ou alteração do mamilo e aréola as alerte de que alguma coisa pode não estar bem.
Aprenda como fazer o auto-exame da mama:
O auto-exame da mama deverá ser efectuado, em todas as mulheres em idade fértil, na semana seguinte ao seu período menstrual. Nas pós menopausa, deverá ser realizado sempre na mesma semana de cada mês. Deverão escolher uma altura em que possam estar mais descansadas e à vontade para o fazerem. A observação deverá ser efectuada à frente de um espelho. A palpação poderá ser efectuada aquando do banho ou deitada. Deverá ser efectuada com a mão contra-lateral percorrendo todos os quadrantes da mama. O braço oposto deverá ser colocado ao longo da cabeça.
Os homens também devem estar atentos. O cancro da mama neles também é uma realidade, embora numa percentagem muito inferior.
Não vamos deixar que, ao ganharmos a guerra à Covid, percamos a guerra para uma doença oncológica, nomeadamente para o cancro da mama, que numa escala temporal mais lenta poderá ser muito mais mortal.
Luís Mestre, Cirurgião de Mama no Hospital CUF Tejo e Clínica CUF Almada