A partir de agora, o Centro Champalimaud tem um equipamento de “estimulação magnética transcraniana” para tratar doentes com depressão resistente aos fármacos. As consultas poderão abrir já no Outono.
Estima-se que 20 a 30% dos doentes com depressão não responde – ou não suporta – os tratamentos com medicamentos antidepressivos. Mas quando estes doentes, de tão difícil tratamento, são submetidos a várias semanas de sessões de uma técnica chamada “estimulação magnética transcraniana repetitiva” (rTMS na sigla em inglês), o estado clínico de 41,5 a 56,4% deles melhora substancialmente e entre 26,5 e 28,7% deixam de estar deprimidos (dependendo da escala de avaliação utilizada).
A utilização da rTMS no tratamento da depressão resistente aos medicamentos foi aprovada pelas autoridades de saúde dos EUA em 2008, e o seu uso contra a depressão tem vindo a aumentar e a espalhar-se pelo resto do mundo. A tecnologia foi desenvolvida há já mais de 30 anos pelo engenheiro britânico Anthony Barker. No entanto, foi só na década de 1990 que, pela mão de médicos pioneiros nesta área, tal como o neurologista espanhol Álvaro Pascual-Leone, da Escola de Medicina de Harvard, que esta abordagem começou a ter utilização clínica.
Já existem várias máquinas de rTMS em Portugal, segundo Albino Oliveira-Maia, psiquiatra do Centro Champalimaud, em Lisboa, que trabalhou – e ainda mantém uma forte colaboração – com Pascual-Leone. Mas, acrescenta Oliveira-Maia, “não há em Portugal programas terapêuticos de rTMS estruturados, aos quais as pessoas tenham acesso para tratamento de doenças psiquiátricas”. É esta lacuna que, com a sua equipa e a nova máquina de rTMS, Oliveira-Maia tenciona começar a colmatar.
Foto: Catarina Ferreira da Silva