O ano que agora arranca deverá ficar marcado pela decisão do atual Governo sobre o projeto do novo terminal de contentores do porto de Lisboa, cuja localização mais provável é o Barreiro.

O responsável de Projetos da Unidade de Redes Transeuropeias – DG MOVE – da Comissão Europeia, José Laranjeira Anselmo, afirmou hoje, em visita ao Barreiro, relativamente à atividade portuária, que a capital portuguesa “não tem possibilidade de crescer de uma forma ordenada, respeitando os interesses da cidade e a qualidade de vida das pessoas e responder, simultaneamente, aos novos desafios do mercado”, mas que o Barreiro é “exequível”, pois há “todas as possibilidades, desde que exista um investimento correto”.

Para José Anselmo, com a celebração do acordo entre a União Europeia, os Estados Unidos da América e o Canadá – e tendo em conta que 92% do comércio mundial é feito por via marítima – ou Portugal “requalifica os portos e passa a ter um mercado de oportunidade de 900 milhões de pessoas com poder de compra muito superior ou da China ou terá, consequentemente, 890 milhões de inimigos”.

“A única hipótese que Portugal tem de ultrapassar o facto de localizar-se numa zona periférica é investir em Portos”, sublinhou o responsável da Comissão Europeia, acrescentando que, “se esse for o desejo do Governo Português e da CMB”, a Comissão Europeia fará “o possível para apoiar o investimento”.

As declarações foram feitas um dia depois de o secretário de Estado dos Transportes ter anunciado que “a discussão pública [sobre o terminal de contentores do Barreiro] teve o seu momento, agora é momento de decidir e nós decidiremos brevemente sobre essa matéria”.

O presidente do Instituto da Mobilidade (IMT) e dos Transportes, João Carvalho, durante a segunda visita ao Barreiro, reiterou que “há poucas dúvidas sobre a localização do futuro terminal de contentores”, sublinhando que, no caso do Barreiro, “as infraestruturas, o espaço e as acessibilidades [fluviais, rodoviárias e ferroviárias] são ótimas”.

João Carvalho realçou que “as dragagens são necessárias e têm custos”, contudo os custos “estão longe dos valores que têm vindo a público”, designadamente da Ordem dos Engenheiros, que considera que as dragagens de manutenção para manter operacional um terminal de contentores no Barreiro deverão exigir “um custo de cerca de 48 milhões de euros por ano, todos os anos, o que torna a opção do Barreiro completamente inviável do ponto de vista financeiro”.

O presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto de Carvalho, explicou, relativamente às acessibilidades rodoviárias, que os estudos preveem que “o IC21 seja alargado para seis faixas de rodagem entre o nó do Galitos e o Hospital e partir daí sairá uma via em direção ao território do Porto – sensivelmente no sítio onde, atualmente, estão localizados os Transportes Coletivos do Barreiro – e uma parte será enterrada”.

No que respeita aos acessos ferroviários, Carlos Humberto explicou que estão em análise duas soluções: a utilização do ramal existente até à Estação Barreiro-Mar de onde irá partir em direção ao terminal; ou a utilização do canal anteriormente previsto para a Terceira Travessia do Tejo, ou seja, que ao chegar à Estação do Lavradio penetre, diretamente, para o território da Baía do Tejo, acrescentando que a autarquia defende “intransigentemente” a solução que estava estudada para a Terceira Travessia do Tejo, ou seja, que se crie uma nova via ferroviária em direção ao terminal, paralela à via rodoviária.

Para o edil, o Terminal de Contentores “pode dar um input para que o território da Siderurgia, da Margueira (Lisnave) possam ser requalificados, para tal a ligação Seixal – Barreiro (rodoviária) é indispensável”.

O presidente do município do Barreiro admitiu ainda a eventualidade de uma visita a Bruxelas, no sentido de avaliar as possibilidades e necessidades tendo em conta as antigas zonas industriais da CUF/Quimigal e da CP.