Na sequência de anos de gestão indigente do nosso património industrial, a Câmara Municipal do Barreiro decidiu avançar com a demolição de um marco da nossa história comum.
Ficámos a saber que o património da CUF nunca tinha sido antes classificado no âmbito da Direcção Geral do Património e Cultura. Assim, vimos preparado um Plano de Urbanização que, nem estando ainda em vigor, vem demolir o Posto Médico antes de classificar o património.
A gestão patrimonial da CUF foi feita ao contrário: o património classifica-se para evitar que seja demolido e não ao contrário. A gestão meramente eleitoralista de um património que pertence à memória todos os barreirenses e não apenas à CDU vem assim tomar forma num ataque sem precedentes ao passado industrial da cidade.
O Barreiro é muito mais que um produto da história dos regimes políticos em Portugal: ele existe, como existiu antes, durante e depois do Estado Novo. O desprezo ideológico da Câmara em relação a uma instituição que tanto serviu os barreirenses tem de parar. Classifique-se devidamente este património da cidade sem argumentos apressados, pois o estado de degradação de um monumento histórico nunca impediu a sua classificação.
Nunca, note-se, argumentaram a Câmara e a Baía Tejo contra o facto do Posto Médico ser de uma qualidade arquitectónica inegável. A má vontade torna-se assim clara: o Plano de Urbanização é mais importante que a história da cidade, que vale por si na atracção de novas ideias e investimentos.
É tempo de parar este branqueamento do passado. Um novo Barreiro precisa do fim da gestão politizada do património, por um futuro que não despreza o passado.
Jorge Miguel Teixeira
Candidato do CDS à Câmara Municipal do Barreiro