A guerra de agressão do regime de Putin contra a Ucrânia veio confrontar-nos com a realidade de uma nova confrontação geopolítica entre Ocidente e Rússia. É indispensável que a presente situação seja lidada de modo vigoroso, através de apoio intransigente aos ucranianos, de um muito substancial reforço das capacidades da NATO no Leste, de medidas para contrariar a chantagem nuclear de Putin e, de uma diplomacia assertiva que incuta algum sentido de realidade ao Kremlin. Porém, também é um facto que estamos de volta à encruzilhada nuclear. Assim sendo, estas coisas devem ser feitas de modo tal que não antagonize definitivamente Rússia e Ocidente, sob pena de que a situação venha a sair de controlo.

Assim, e enquanto é preciso demonstrar assertividade inabalável perante intransigência russa, é preciso, porém, fazê-lo de modo tal que não hostilize irreversivelmente Moscovo, assim inviabilizando soluções diplomáticas para esta situação. Está-se aqui a lidar com uma potência termonuclear, e não com a Síria ou o Irão. Se os russos forem inapelavelmente antagonizados, e sentirem que não lhes está a ser dada qualquer saída, poderão bem passar para medidas desesperadas, e virar-se—em especial, se sentirem que terão apoio chinês, a par de aquiescência árabe e indiana e, quem sabe se esse não é o caso. Uma tal situação tenderia, claro, a redundar no impensável: uma guerra na Europa, sendo que uma tal guerra rapidamente se tornaria termonuclear.

Durante a Guerra Fria, quando as duas superpotências se confrontavam ao longo do mundo, havia regras tácitas de relacionamento entre lados. Força é respondida com força, e provocações com frontalidade assertiva. Porém, a força é medida para que nunca possa levar ao despoletar de confrontação aberta e, nenhum dos lados faz nada que agrave irreversivelmente o outro, ou que possa colapsar definitivamente os laços diplomáticos e comerciais entre lados. É sempre deixado espaço de manobra para negociações e, há backchannels para negociação entre os lados.

Portanto, vamos ver como é que se passa esta ideia para os dias de hoje.

A agressão russa tornou indispensável a grave punição da finança e da indústria russa e, a aplicação de pesadas sanções à elite política e aos oligarcas. Mesmo hoje, não faltam sanções que possam ainda ser aplicadas à economia russa, e a interesses russos de relevo—e, devem sê-lo, à medida que o comportamento do Kremlin assim o justifique. Tudo isto tem, claro, de ser acompanhado da demonstração de força inabalável na Europa de Leste, através de apoio enérgico aos ucranianos, do muito substancial reforço das capacidades convencionais da NATO no Leste e, de apoio assertivo à Moldávia e à Geórgia. Porém, a adopção de quaisquer políticas que possam vir a resultar no corte definitivo das relações entre Ocidente e Rússia, e que incompatibilizem definitivamente os dois lados, é algo que muito claramente não se deve fazer, a não ser que haja muito claras e muito concretas expectativas de uma (muito necessária) mudança de regime em Moscovo. 

Assim, por exemplo, seria desavisado que a Europa viesse alguma vez a boicotar por inteiro o gás natural russo. Isso seria não apenas o corte do laço essencial de interdependência entre Europa e Rússia (com o consequente colapso do processo diplomático), como tenderia a criar graves impactos económicos para a Europa.

Em simultâneo, são absolutamente imponderáveis quaisquer políticas que possam vir a colocar forças ocidentais cara-a-cara com forças russas. Isto inclui o estabelecimento de uma no-fly zone sobre a Ucrânia—pela qual forças NATO se responsabilizariam por proteger os céus da Ucrânia de MiGs, helicópteros e mísseis russos. Inclui ainda a condução aberta de operações militares ucranianas a partir de territórios NATO. Por exemplo, vir a ter a força aérea ucraniana a operar a partir da Polónia ou da Roménia—ao invés, abasteça-se os ucranianos com o state of the art em sistemas anti-aéreos e anti-mísseis, para a protecção de quaisquer pistas de vôo viáveis no país. Igualmente fora de questão é qualquer ataque preventivo a capacidades russas ou bielorrussas—com o seu imponderável auge em first strike options. Ou, da mesma forma, o envio de forças da NATO, identificáveis como tal, para território ucraniano. Por exemplo, se os países ocidentais optarem por enviar forças especiais para territórios sob ocupação russa, devem ter o cuidado de garantir que, se capturados, os operacionais enviados não podem ser legalmente associados aos governos que os enviaram (i.e. “foram pelo próprio pé”).

Contrabalançar a Rússia no Leste, e ajudar os ucranianos de todas as formas possíveis. É absolutamente explícito que tem de haver um muito considerável fortalecimento das capacidades convencionais da NATO na Europa de Leste. Isto implicará envolvimento aumentado pelos EUA, mas também, muito claramente, contribuições significativamente aumentadas de defesa pelos países europeus. 

Ainda, e a outro nível. As candidaturas da Ucrânia, da Moldávia e da Geórgia a pertença na UE devem ser claramente aceites—ou, no mínimo, a UE tem de estabelecer laços institucionais formais intensamente mais profundos com esses países. Também: deve ser explicitado que, a acontecer, a aceitação da Suécia e da Finlândia na NATO surgirá como uma resposta recíproca à transformação da Bielorrússia num instrumento militar da Federação Russa.

Da mesma forma, ainda que seja um facto que a Moldávia e a Geórgia não se tornarão membros da NATO em qualquer futuro próximo, o facto é que ambos precisam de ser militarmente reforçados pelos países ocidentais—equipamentos anti-aéreos e anti-tanques parecem ser opções especialmente apropriadas para fazer frente a potenciais agressões russas. E, há certamente maneiras de fornecer tais equipamentos a estes países de uma forma que seja politicamente aceitável. Antes de mais, é preciso que sejam esses próprios países a tomar a iniciativa formal de procurar a aquisição de tais equipamentos. E, depois, os acordos devem ser assinados, anunciados e levados a cabo durante alturas em que a Rússia esteja a ser alvo de sérias críticas institucionais e mediáticas de escala internacional—suponhamos, pelas tácticas brutais empregues na Ucrânia. 

As considerações sobre savoir faire diplomático não devem impedir o Ocidente de continuar a ajudar a Ucrânia de todas as formas possíveis e praticáveis. É um povo inteiro que o Kremlin resolveu afrontar e brutalizar, e fê-lo precisamente pelo desejo desse povo em pertencer à Europa. Portanto, é melhor que exploremos todas as avenidas possíveis para ajudar aquelas pessoas.

Assim, os países ocidentais têm de continuar a prestar apoio material, logístico e humanitário de escala aos ucranianos. No imediato, têm de continuar a enviar-lhes o máximo possível de bens essenciais e de equipamentos—em particular, enormes quantidades de alimentos, medicamentos e tecnologia e, claro, de sistemas anti-aéreos, anti-mísseis e anti-tanques. Se fazível, seria mais expedito que os envios de bens e de equipamentos começassem a ser feitos através de pontes aéreas (e.g. com toneladas de bens a serem lançados por paraquedas). Ao mesmo tempo, as operações de assistência humanitária às populações ucranianas têm de ser expandidas, a todos os níveis a que isso possa ser feito. E, há que começar desde já a planear e a preparar a reconstrução pós-guerra da Ucrânia, a criar um fundo internacional para esse efeito e, a preparar a eventual mobilização de firmas e de engenheiros para contribuírem para tal reconstrução. 

A necessidade de diplomacia assertiva. As sanções hoje em vigor são genericamente adequadas. Infligem um pesado rombo à finança e à indústria russas, punem severamente a elite política e os oligarcas e, lançam as bases para desafecção popular de massa para com o regime. Em simultâneo, tais sanções são facilmente removíveis assim que haja uma mudança de regime apropriada em Moscovo—ao mesmo tempo que deixam alguma margem de manobra à Rússia, e que não a remetem a completo isolamento internacional. E, desta forma, tornam claro que o Ocidente continua disponível para dialogar.

Daqui em diante, será necessária diplomacia muito assertiva, consubstanciada pelo muito substancial reforço dos contingentes e dos meios da NATO no Leste e, claro, por apoio inabalável aos ucranianos. Uma abordagem diplomática consequente a esta situação passa sempre pelo estabelecimento de uma base negocial diversificada e internamente coordenada: onde EUA, UE, Reino Unido, NATO, Polónia e Bálticos, entre outros, continuam a apresentar uma postura de força intransigente, ao mesmo tempo que outros actores são usados para abrir portas mutuamente aceitáveis para o diálogo. Aqui, há que manter o papel negocial privilegiado da França, de Israel e da Turquia e, em simultâneo, revigorar o papel de mediação diplomática de Alemanha, Áustria, Hungria e Itália. (Por outras palavras, os países que, a ocidente, e a par da própria Turquia, têm sido os parceiros comerciais essenciais da Rússia até aos dias de hoje, e, com efeito, desde os tempos imemoriais das cidades-estado italianas, e dos Impérios Germânico, Austro-Húngaro e Otomano.)

Qualquer dissociação irreparável entre estes estados e a Rússia, no contexto da presente situação, representaria uma conjuntura muito perigosa. Ao invés, e num espírito de Realpolitik, é essencial que pelo menos dois ou três destes países adoptem posturas de mediação activa de relações com os russos, na direcção de resoluções produtivas e, da preservação de laços Ocidente-Rússia.

Ainda, e enquanto tudo isto decorre, vá-se prestando atenção ao que está a acontecer na Ásia. Por outras palavras, como é que chineses, árabes, indianos e centro-asiáticos têm vindo a reagir ao decurso dos eventos? Não a nível público, mas nos bastidores. A questão aqui é muito simples: a Rússia é uma potência debilitada que só pode dedicar-se a qualquer forma consequente de aventureirismo imperial se sentir que tem massiva aquiescência asiática—de preferência, apoio chinês e iraniano, solidariedade centro-asiática, aquiescência indiana e sudeste-asiática e, passividade árabe. Essas coisas estarão lá? Se sim, então o facto é que o Ocidente tem os seus meios, e será provavelmente altura de os usar.

Incutir algum sentido de realidade ao Kremlin. Ao longo do processo diplomático, será necessário lembrar a Moscovo que, tal como uma Rússia de Putin nunca abandonará a Ucrânia, o Ocidente também nunca deixará de apoiar os ucranianos—e, depois desses, os moldavos e os georgianos.

Depois, será necessário dizer-lhes que, sim, desde o início da invasão que é bem entendido que o propósito do regime de Putin foi sempre o de vandalizar a Ucrânia, arrasar a infraestrutura, colapsar a sociedade, destruir as capacidades militares ucranianas e, pilhar capacidades industriais e nucleares. E, da mesma forma, é inteiramente compreendido que o Kremlin gostaria de desmantelar o país em partições e enclaves, tirar-lhe os acessos costeiros e, sequestrar mais umas tranches de território como províncias da Federação Russa. Porém (lembrar-lhes disto), o facto é que, como apreciável, isso não é necessariamente fácil. Esta é a realidade da guerra de Moscovo na Ucrânia: uma ofensiva lenta, afectada por problemas graves de logística e abastecimento e, claro, pela desmoralização das tropas russas, e pelas dificuldades das mesmas em fazer frente aos ucranianos e em subjugar as populações civis. Tudo isto materializando-se num atoleiro para as forças russas e, em muito consideráveis baixas e danos.

O que vem a seguir? Será que o Kremlin pretende continuar a acalentar desígnios imperiais em relação à Ucrânia? Em tal caso, o que tenderá a encontrar será nada menos que conflito intratável e arrastado. E, como o Kremlin bem sabe, nunca faltarão combatentes, nem armas, em território ucraniano. Um tal conflito arrastado tenderá, deste modo, a passar por combates convencionais, mas também por ataques exóticos, sabotagens, explosivos, minas anti-tanque, IEDs, ataques anti-pessoal, mísseis terra-ar, etc. Uma tal aventura implicará baixas constantes e, só de si, graves danos económicos. Desta forma, poderá até vir a revelar-se pior que o conflito afegão-soviético dos 1980s. Magoará seriamente a Rússia e os russos e, tenderá a levar a insatisfação em larga escala no seio da própria Rússia. Isto, claro, é algo a que a potência debilitada que a Rússia é não se pode dar ao luxo.

Assim sendo (há que fazer notar isto a Moscovo), faria todo o sentido que a Rússia não continuasse a alimentar ambições em relação a um país que não lhe pertence, e que não tentasse, em qualquer forma de futuro próximo, agravar a sua própria situação, através de agressões similares a países como Moldávia, ou Geórgia, ou ainda outros.

A seguir, será útil lembrar-lhes que o Império Russo-Soviético já não existe e já não volta e, que as políticas catastróficas que o Kremlin de Putin está a adoptar para o trazer de volta, podem bem estar a levar a própria Rússia pelo mesmo caminho.

A Rússia, afinal, como o Kremlin bem sabe, é uma potência particularmente debilitada, com a sua indústria decrépita e dependente de tecnologia estrangeira, as suas exportações quase limitadas a petróleo e a gás natural, o seu baixo nível médio de vida e, a sua população envelhecida de apenas 145 milhões de pessoas, quase todas concentradas dos Urais para cá. Uma população que, ainda para mais, tende a não confiar no regime, e só dá maiorias a Putin pela imagem do mesmo como ‘garante de estabilidade económica’. Pois bem, o que é que esta população tenderá a pensar deste mesmo Putin, quando estiver a passar pelo auge das consequências económicas da invasão da Ucrânia? E, quando estiver a ver os seus filhos a voltarem para casa em caixões? Aqui, há que relembrar aos russos que a sua população não tem qualquer interesse nas pretensões imperiais do Kremlin, ou em qualquer ‘nova grande guerra patriótica’ que possa ser manufacturada por Putin.

E, depois, também há os oligarcas, a intelligentsia, os apparatchiks, e os generais, que (mesmo controlados e intimidados), começam a ficar desiludidos, e talvez nem percebam ao certo porque é que Moscovo anda, de há tempo para cá, a cortejar uma ‘nova grande guerra patriótica’.

Ao interagir diplomaticamente com os russos, há ainda que fazer-lhes notar que seria muito preferível, para a Rússia e para o povo russo, que, ao invés de persistir numa agenda imperial condenada ao fracasso, o Kremlin optasse antes por aproveitar a chance que é representada pela definitiva cessação de toda e qualquer hostilidade contra o povo ucraniano: muitas sanções não serão retiradas no imediato, porém, também não serão agravadas, e, a prazo, será até possível pensar nalguma forma de aligeirar os impactos das mesmas.

E, convém também fazê-los perceber que, enquanto será fácil resolver as coisas com uma Rússia que se emancipe de Putin e da sua gente, o facto é que, uma qualquer resolução da situação com uma Rússia de Putin passará sempre pela criação de uma nova Cortina de Ferro a estender-se do Báltico ao Cáucaso. Não deixando, porém, de ser certo que os impactos negativos de uma tal Cortina de Ferro poderão ser atenuados por uma continuidade relativa de relações com o Ocidente, em particular através de Alemanha, Itália e Turquia.

Lidar com a chantagem nuclear de Putin. Há ainda que reconhecer muito claramente que Putin tem vindo a recorrer a ostensiva chantagem nuclear. É isso que é representado pelas ameaças constantes do mesmo Putin ao ocidente, pela colocação (logo após a invasão) das forças russas em estado de prontidão nuclear, e, com toda a probabilidade, pelo nihilismo terrorístico expresso pelos ataques à central nuclear de Zaporizhzhia e às instalações do Instituto de Física e Tecnologia de Kharkiv, onde há um reactor nuclear. Estas coisas não devem ser menosprezadas. Putin é um ideólogo arrogante que acredita explicitamente no recurso a força bruta e a subversão para humilhar o Ocidente e restaurar o Império Russo-Soviético. Ora bem, Putin está rodeado de gente que pensa como ele, e é esta a clique que hoje concentra a larga maioria do poder político e militar na Rússia. É explícito que não se pode confiar em Putin e nos seus para que tenham o suficiente bom senso de não vir a levar a cabo uma provocação nuclear num qualquer futuro próximo. (Já agora, e como dito, logo após a invasão, por David Martin, correspondente da CBS News no Pentágono e no Departamento de Estado dos EUA, uma tal provocação poderá vir a surgir na forma da detonação de uma arma nuclear táctica, ou de baixa intensidade, para ameaçar os EUA e a NATO de guerra nuclear e, dessa forma aterrorizar e paralisar toda a gente.) 

A chantagem nuclear de Putin tem de ser respondida com imperturbável assertividade. No curto prazo, há que recordar a Moscovo que é um facto que a Rússia tem armas nucleares, mas a verdade é que o Ocidente também as tem, e sempre terá menos trabalho que os russos, uma vez que a Rússia tem menos grandes cidades que a Europa e os EUA—pelo que faria todo o sentido acalmar, descontrair os ânimos e, a cada momento, chegar a resoluções práticas que façam sentido.

Porém, mesmo isto não basta. É preciso começar de imediato, agora mesmo, a reforçar as capacidades nucleares da NATO. A prioridade aqui não está tanto no aumento de capacidade ofensiva como na criação de um escudo nuclear potencialmente inviolável. Aniquilar o adversário é essencialmente irrelevante quando também se está a ser aniquilado e, quando o mundo está a ser transformado num deserto radioactivo. Aquilo que é realmente necessário é algo que previna que se seja aniquilado e, que se tenha de responder na mesma moeda. Isto significa inevitavelmente um regresso em força à Iniciativa Estratégica de Defesa (SDI) dos 1980s, i.e., a ideia de um escudo nuclear altamente tecnológico, baseado numa rede integrada de satélites orbitais, de sensores aéreos e terrestres e, de interceptores baseados em energia dirigida (e.g. canhões de laser ou de feixes de partículas), para detectar, rastrear, interceptar e destruir ICBMs durante o trajecto atmosférico dos mesmos. A SDI, incompreensivelmente deixada a meio após o colapso da URSS, deve agora ser retomada em pleno. Assim que construído e em operação, um escudo nuclear SDI tenderá a tornar obsoletas as armas nucleares estratégicas. 

Ainda, e numa fase posterior, será necessário reconstruir a (entretanto devassada, e reduzida a um precário Tratado START) framework global de tratados nucleares, de modo tal a estabelecer uma limitação dramática das armas nucleares estratégicas e, em essência, a proibição das armas nucleares tácticas.

O nó górdio. Ainda, e ao longo de todo o processo diplomático, há que chamar continuamente o seguinte ponto à atenção dos interlocutores russos: os problemas actuais são de responsabilidade de Putin e da sua gente, e serão prontamente resolvidos, para benefício de todas as partes relevantes envolvidas, assim que a Rússia se liberte do presente regime e, tire da equação Putin e os seus apparatchiks essenciais. Esta é a forma mais fácil e expedita de resolver toda esta situação.

Porém, e no caso (improvável) de isso não ser possível, a única opção realista é mesmo um desescalamento gradual de tensões, não obstante com a situação ucraniana em background, e o avanço na direcção de algum tipo desconfortável de détente. Isso, claro, significaria uma nova Cortina de Ferro, preferencialmente atenuada por uma continuidade relativa de relações com a Europa, através de países como Alemanha, Itália e Turquia.

Ainda o seguinte. O facto de toda esta situação ter vindo a servir de contexto para agir com base nos ímpetos de certas pessoas para censura e silenciamento, ou ainda para conduzir campanhas de ódio xenofóbico, neste caso contra as diásporas russas, é algo que é simplesmente feio, já para não dizer ordinário. Estamos nisto para fazer frente a uma ditadura totalitária, não para nos transformarmos numa. E, estamos nisto em nome de valores humanos, e não para perder a alma. 

Rui Garrido


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