E um Festival da Mobilidade? Não?
Setúbal é um dos distritos com maior potencial por explorar em vários setores de atividade, desde o turismo, habitação, fixação de empresas, atividades piscatórias e de aproveitamento de costa, entre outros, fazendo com que esta nossa região se encontre inegavelmente subaproveitada no que diz respeito ao proveito que deve ser retirado das suas condições naturais.
Todavia, há que mudar a maneira como se olha para o distrito a sul do Tejo, principalmente reivindicar perante aqueles que nos governam de que Setúbal não é um deserto. E, partindo deste pressuposto, começar a gerir a região com todos os seus recursos, fazendo dela um distrito do século XXI para os que cá habitam e também para os olhares nacionais e europeus. Chama-se potenciar, crescer e desenvolver.
Contudo, esta tem sido uma árdua tarefa visto que, se pretendemos ter um distrito direcionado para as novas oportunidades de negócio, moderno e desenvolvido, não podemos ter um sistema de mobilidade do século passado e contentarmo-nos com o que temos hoje.
Atualmente, é incompreensível a falta de estratégia, a falta de ligações intermunicipais e o sistema miserável de transportes que as populações dos vários concelhos do distrito de Setúbal têm ao seu dispor. É revoltante constatar que a mobilidade dos nossos habitantes não é prioridade para qualquer município deste distrito mas, não há dúvida nenhuma, que o expoente máximo da incompetência nesta matéria só tem um nome: Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) que tem sido, constantemente, dominada pelos interesses particulares do PCP.
Por muito que reconheça a importância e disfrute da participação do Festival da Liberdade organizado pela AMRS, exige-se mais de uma entidade que deveria procurar unir esforços entre municípios, no que diz respeito aos desafios de todo o distrito como é o caso da mobilidade que, diga-se, já não é um desafio mas sim, um problema.
Exige-se mais quando milhares de pessoas se deslocam todos os dias para Lisboa e se deparam com filas intermináveis de trânsito.
Exige-se mais quando um cidadão sai de casa e não sabe se vai conseguir apanhar o barco da Transtejo ou da Soflusa conforme os horários estipulados camuflando as falhas operacionais ou de pessoal como se os utentes não precisassem de saber e a culpa fosse, constantemente, do mau tempo.
Exige-se mais quando, um jovem que resida no Montijo ou em Alcochete, tem de se deslocar para Lisboa para voltar a apanhar um barco para Cacilhas para poder estudar no Ensino Superior. Veja-se o desplante, atravessar um distrito para outro só para podermos regressar ao que residimos e estudamos por ser mais rápido e acessível em termos de custos de passes mensais de transportes.
Exige-se mais quando tudo indica que teremos, finalmente, um Aeroporto no nosso distrito.
São estes exemplos que tornam tão urgente a criação de uma Entidade Regional para a Mobilidade que elabore, efetivamente, um Plano Estratégico de Mobilidade Integrada que tenha em consideração a resolução dos problemas da Transtejo e da Soflusa, o alargamento faseado do Metro de Superfície aos Concelhos do Arco Ribeirinho Sul e a construção de uma ponte rodo-ciclo-pedonal entre o Barreiro e o Seixal. Só para cobrir o que é flagrante.
Conta-se que, futuramente, não continuaremos a debater o que os cidadãos urgentemente necessitem mas sim, o que tornará o nosso distrito mais competitivo. Ou será necessário promover um Festival da Mobilidade para que todos a assumam como a sua tal e qual fazem com a Liberdade?
João Pedro Louro
Presidente da JSD Distrital de Setúbal