A existência da Plataforma 2830 tem propiciado a apresentação democrata de algumas reflexões e propostas construtivas sobre temáticas relacionadas com o Barreiro para que os cidadãos, e responsáveis municipais, possam refletir sobre outras perspetivas, outros pontos de vista pertinentes, oportunos e construtivos, visando um Barreiro melhor, e trazendo o Barreiro para o centro da discussão cívica de forma atempada e permanente.
Esse é o nosso contributo e participação!
Hoje procuramos traduzir uma reflexão sobre a mensagem que está espalhada pela cidade de há uns meses para cá que, a ser intencional, constitui um forte motivo de preocupação sobre a “Construção do Futuro do Barreiro”.
Em vários locais é evidenciada a mensagem “Construindo o Futuro” agregada à ação de concretização do “Plano de Repavimentações” (ver imagem em https://www.keepandshare.com/doc13/13310/brrpavimentacoes-1728×800-c-jpg-260k?da=y), arriscando transmitir a ideia que, neste preciso momento, o futuro está a ser acautelado através desta ação de manutenção de pavimentos.
É neste contexto que nos surgem algumas dúvidas quanto ao resultado desanimador de associar a ideia de “construir o futuro” à ação de repavimentação em curso, uma vez que quando se afirma a construção de algo, por oposição à ideia de não existência (desse algo), gera-se a expectativa de alguma coisa nova ser concretizada, construída e/ou materializada. Pois bem, não é o que acontece com a mensagem em causa!
No presente caso, à referida expectativa de novidade sucede-se uma repavimentação que, como a expressão indica, corresponde à reposição do pavimento em condições de conforto e segurança. Trata-se, portanto, de uma ação de manutenção igual a tantas outras que devem ser programadas com alguma recorrência como, por exemplo, a manutenção de equipamentos públicos ou a poda das árvores!
É por esse motivo que, talvez, esta mensagem constitua um “erro Freudiano”, um ato falhado, por não corresponder à expectativa que é gerada, ou que pretende gerar. Ou seja, não está associada com a perspetiva de futuro, à incorporação de novos conceitos, ou à indução de algo desejado e/ou planeado, mas sim de manutenção do que foi construído no passado e que se pretende manter no presente em boas condições. Como ilustrado na imagem de cabeçalho, estamos no Presente a olhar e cuidar o Passado. E bem! Mas não estamos a construir o Futuro!
Acalmem-se os mais incrédulos, pois não se pretende com estas palavras tecer qualquer tipo de crítica objetiva a uma ação de manutenção de pavimentos há anos necessitada por todos.
Reforçamos a pertinência da ação de manutenção das vias de circulação do Barreiro, cuja necessidade se estende ainda a muitos arruamentos do município. Esta ação apenas peca por tardia, consentindo que se chegasse ao óbvio estado de degradação das vias que os Barreirenses infelizmente conhecem atualmente, colocando em causa a segurança, conforto e comodidade dos cidadãos.
Prosseguindo com a nossa reflexão, no caso de a mensagem ser intencional e não constituir um ato falhado como anteriormente interpretado passa, então, a revelar outros contornos e a constituir uma mensagem inquietante que nos deve preocupar a todos!
Existirá a ideia confusa de que o futuro se constrói com ações de manutenção? Vamos crer que não deve ser isso, mas é essa a mensagem que se está a passar quando, em alguns casos, a repavimentação passa apenas por tapar alguns buracos.
Claro está que estas ações, e outras, são de indispensável importância para a qualidade de vida no presente, para a segurança, conforto e comodidade atual, mas a construção do futuro deve assentar em algo mais ambicioso, mais óbvio sobre o progresso económico, ou social, ou cultural, ou ambiental, ou de todas estas e outras vertentes.
Tronando mais claro o que se está a expressar, deve existir a consciência da diferença que existe entre a ação de planear o futuro, através da evidência de ideias ou ambições; e a ação de construir o futuro, que reside na concretização de metas que possibilitam esse futuro, essa ideia ou ambição inicial.
Se não for assim a mensagem é desanimadora, é estéril, revestindo-se de uma intensão esgotada por não preencher as expectativas criadas nem concretizar a ideia de construção do futuro.
Trata-se de saber o que se quer desse futuro!
Afinal, qual é a ambição que existe para o Barreiro?
Em face desta reflexão apresentamos as seguintes propostas construtivas:
- Propomos que se tome mais cuidado com a forma de comunicar e de expressar as ações e atividades que decorrem no Barreiro. Essa forma de comunicar espelha todos os Barreirenses e deverá ser cuidada ao ponto de não ser mal interpretada ou vazia de conteúdo, não pode ser estéril ou constituir uma intenção esgotada por falta de ambição e de visão. A mensagem deve ser correta, verdadeira e assertiva.
- Propomos, também, que a ambição na construção do futuro do Barreiro se traduza na evidência de Valores, Princípios e ideais. Valores que mantenham acesa nos Barreirenses, cidadãos e entidades, a confiança da existência de uma intensão clara e inequívoca na construção de um futuro próspero; Princípios que nos possibilitem perceber o caminho que será percorrido, as metas a cada passo e o compromisso com aquilo que os Barreirenses acreditam e desejam; Ideais que permitam construir o mapa mental e físico do que serão as soluções ótimas para correlacionar as diversas competências da autarquia que, conjugadas, constituirão a evidência da construção do futuro assente nos princípios e valores referidos.
Será por uma sucessão de “atos falhados” que continuamos a desperdiçar o potencial do Barreiro?