A primeira fábrica a nível mundial da Ecoslops, instalada em Sines, já começou a produzir combustível naval a partir dos óleos residuais recolhidos nos navios de carga, após um investimento de 18 milhões de euros.

Os óleos residuais, denominados ´slops`, são produzidos quer devido ao armazenamento e utilização de combustível para o funcionamento dos navios, quer, no caso dos cargueiros de granéis líquidos, dos resíduos de produtos (crude e refinados, entre outros) que ficam nos tanques.

Na nova unidade industrial a operar no Porto de Sines, no distrito de Setúbal, estes resíduos ganham “uma segunda vida”, pois, ao invés de serem incinerados, como é a prática corrente, são reciclados como combustível para os navios, explicou hoje à agência Lusa Michel Pingeot, presidente e fundador da empresa francesa Ecoslops.

O processo apresenta também uma “pegada de carbono” reduzida em relação ao fabrico tradicional de combustível naval, realçou, uma vez que a recolha dos óleos residuais e a sua transformação decorre num espaço físico limitado.

Inicialmente, estava previsto que a fábrica começasse a laborar em outubro de 2013, no entanto, “problemas técnicos” e a necessidade de alguns “ajustes” a nível da produtividade levaram a que só em meados deste mês arrancasse a produção, estando a inauguração marcada para sábado.

Todas estas questões, que, para o responsável, são “normais”, tendo em conta que se trata da primeira fábrica a nível mundial com esta tecnologia, fizeram com que o investimento inicialmente previsto de 14 milhões de euros se cifre hoje perto dos 18 milhões de euros, contando com um apoio de 6,2 milhões de euros de fundos comunitários e do Estado português.

A preocupação do empresário francês ainda se prende com a redução do desperdício originado, que necessitaria de um investimento adicional superior a 1,5 milhões de euros, mas, para já, existem negociações para esse material ser vendido para a produção de produtos de impermeabilização e isolamento utilizados na construção.

Michel Pingeot fez questão de sublinhar o “bom acolhimento” que o projeto teve por parte do Porto de Sines, realçando que os portugueses devem “orgulhar-se” de o país apostar em investimentos “inovadores” e “amigos” do ambiente”, recetividade que não encontrou em França.

A unidade do litoral alentejano emprega cerca de 50 pessoas, recrutadas maioritariamente a nível local.

Até ao final do ano, deverão ser produzidas cerca de 10 mil toneladas de combustível naval, mas a capacidade de produção situa-se nas 25 mil toneladas anuais, o que implica o processamento de 40 mil toneladas de resíduos.

A Ecoslops Portugal tem o exclusivo da recolha dos óleos residuais no Porto de Sines, por via de uma subconcessão contratada com a Companhia Logística de Terminais Marítimos (CLT), do grupo Galp Energia, concessionária do terminal de granéis líquidos.

Para Michel Pingeot, a inauguração da fábrica de Sines, que vai juntar cerca de 150 pessoas de vários pontos do mundo, representa “uma espécie de montra”.

O próximo passo da empresa francesa será construir uma unidade no Porto de Abidjan, na Costa do Marfim (África), investimento que deverá avançar no próximo ano.

 

Lusa