Desde que me conheço, sempre fui completamente apaixonado por desporto, no geral, e em particular por futebol. Devido a isso, quando fui convidado pelo Distritonline a escrever sobre esta temática aceitei de imediato o desafio.
Hoje vou falar-vos sobre futebol distrital, para mim a verdadeira festa do povo, para outros o futebol dos pobres.
O futebol distrital é o futebol de todos aqueles que um dia sonharam representar grandes clubes, envergar a camisola da seleção nacional, atuar em grandes estádios, ganhar rios de dinheiro, viver em grandes mansões, aparecer em capas de jornais e revistas de todo o mundo, no fundo serem um Cristiano Ronaldo. Mas que quando se deram conta os anos de formação já tinham passado e chegado aos seniores viram a maioria das portas fechadas, inclusivamente as dos clubes por onde tinham passado na formação, foi aí que a única porta que apareceu aberta (e mesmo essa, não para todos) foi a do futebol distrital. O futebol distrital é também o campeonato daqueles jogadores que embora seja notória a grande qualidade técnico-tática que lhes permitia “dar o salto”, nunca quiseram arriscar, prescindindo dos estudos ou do emprego, trocando o certo pelo incerto.
É comum ouvir-se ainda à volta do retângulo de jogo que o jogador A ou B passou ao lado de uma grande carreira e que o jogador C ou D, que agora é profissional, já foi suplente do jogador que agora brilha apenas nos campeonatos distritais. Contudo, raramente se vai ao fundo da questão e se analisam os motivos para um ter singrado e outro não.
Na “festa do povo” brilham também os treinadores. Os treinadores nos distritais são cada vez mais jovens, mais cultos e melhor preparados, em comum têm o sonho de um dia alcançarem um bom contrato profissional num grande clube e atingirem, enquanto treinadores, patamares que não conseguiram, pelas mais diferentes razões, atingir enquanto atletas. De um modo geral, todos os treinadores dos distritais transportam um bocadinho de Mourinho dentro deles, sendo para muitos a grande inspiração.
Por último, mas não menos importantes, os árbitros. Os árbitros são, sem dúvida, os mal-amados do futebol, mantém com todos os outros intervenientes uma relação de amor-ódio. No entanto, basta chegarem atrasados a um campo ou faltarem a um jogo que entra toda gente em pânico, porque ninguém quer substituí-los e sem eles a bola não rola. Habitualmente, os jovens procuram a arbitragem depois de terem tentado ser futebolistas, no entanto, o pouco jeito que tinham para jogar à bola levou-os a procurar entrar no futebol pela via da arbitragem. De um modo geral, todos ambicionam dirigir, no futuro, grandes encontros com os melhores jogadores nos melhores estádios e atingir, deste modo, alguma projeção nacional.
É claro que existem muitos mais protagonistas e todos têm a sua importância. No entanto, desses falarei mais à frente.
Amândio Jesus
Diretor Desportivo