Mais Do Que Verde
Não resta fresta em festa nesta floresta.
Distracção testa cada aresta que protesta.
Na sesta indigesta que o verde empesta,
Manifesta o que presta de maneira honesta.
As árvores parecem já não ter escolta,
Enxames em chamas e a terra revolta.
Um panorama tão belo como complexo,
Hoje serrado e remetido para anexo.
Endemismo em traumatismo perto do abismo.
Pessimismo em alarmismo para o turismo.
Óbito de organismo é o algarismo do cataclismo,
Mecanismo do oportunismo em conformismo.
A nossa preocupação não deve ser temporária,
Para com esta área tem de haver acção solidária.
Menos política e matéria para os impérios.
Mais analítica e rigor na escolha de critérios.
Indispensável o natural saudável reutilizável.
Nada viável o ar insuportável e irrespirável.
Favorável a situação vulnerável, mas imperdoável.
Quem é responsável do manipulável inevitável?
A voz da Amazónia converte-se num ronco,
A copa folhosa não se segura sem o tronco.
O nosso desinteresse aos poucos a suprime,
O suicídio deste ecossistema é o maior crime.
Mauro Hilário