A Avenida dos Ferroviários, na urbanização Val’Flores, em Pinhal Novo, acolhe, desde o dia 1 de novembro, uma obra de arte coletiva que agrega um conjunto de memórias e histórias ligadas ao antigo Arco da Ponte da Rua de Olivença. O Memorial do Arco da Ponte foi inaugurado no âmbito das comemorações do Dia da Restauração do Concelho de Palmela, num momento emotivo, que cumpriu todas as regras em vigor emanadas pela DGS para a realização de eventos.
Referindo-se ao processo participativo iniciado em 2017 – que integrou uma sessão pública, recolha de fotografias e memória oral pelo Museu Municipal, no âmbito do projeto “Álbum de Família”, e a apresentação pública do projeto na Semana da Freguesia – o Presidente do Município de Palmela, Álvaro Balseiro Amaro, agradeceu às/aos pinhalnovenses que contribuíram e enriqueceram este processo, recordando usos e vocações do Arco, quer no âmbito da cultura ferroviária, quer como importante ponto de encontro, brincadeiras e socialização. Agradeceu, igualmente, aos artistas do Concelho, Kim Prisu, João Palmela e Pedro Botelho, que souberam ler e interpretar os testemunhos partilhados para idealizar este monumento.
De grande valor sentimental para a população da vila de Pinhal Novo, o antigo Arco da Ponte foi construído nos anos 30 do século XX e viria a ser desmantelado entre 2002 e 2003, no âmbito das obras de construção da nova Estação Ferroviária. Para grande consternação da população e das autarquias, que lutaram pela sua manutenção ou deslocalização, a REFER alegou a impossibilidade de salvaguarda desta obra de engenharia. A Junta de Freguesia conseguiu, no entanto, que a pedra de cantaria fosse salvaguardada para utilização futura.
O resultado, agora partilhado com a comunidade, é este Memorial do Arco da Ponte que, com os seus oito elementos, evoca diversas leituras e narrativas, a partir das vivências de uma população que, em particular, durante o Estado Novo, não dispunha de muito. Ali se namorava, se brincava e escorregava pelo contraforte, ali se deixavam os sapatos já usados para que os menos afortunados lhes dessem, ainda, aproveitamento. O Município está empenhado em continuar a aumentar o portefólio de arte pública em todo o Concelho, com forte ligação à identidade local, certo da importância, muitas vezes desvalorizada, do investimento na arte, na cultura, no património e na história.