Nem podia ser de outro jeito…
O dérbi é sempre muito especial. É o jogo de uma Cidade. É considerado por muitos o jogo de um País. A rivalidade entre os “vizinhos” da Segunda Circular é nacional e secular. O dérbi de Sábado revestia-se, uma vez mais, de uma enorme carga emocional – não apenas por tratar-se de mais um entre os “eternos rivais” mas porque o Sport Lisboa e Benfica via neste jogo a possibilidade de “cimentar” o estatuto de líder e ganhar fôlego para o que resta das últimas quatro jornadas da Liga NOS. E esperar por uma possível “escorregadela” (que se confirmou) na recepção do FC Porto ao Feirense.
A semana que antecedeu o jogo (lá mais a frente iremos confirmar se foi ou não o jogo do Título) foi, uma vez mais, repleta dos famosíssimos “mind games”. A lesão de Jonas e possível ausência do jogo (que se confirmou), soava-me a estratégia para baralhar a preparação do adversário. Falou-se muito da possibilidade dos treinadores cumprimentarem-se antes e no fim do jogo. Como se viu, não passou de mera possibilidade. Para que tal aconteça, sugiro à JJ pedido de desculpas em público e reconheça que Rui Vitória é seu colega e tem mãos para o “Ferrari”. Ao treinador do Benfica, sugiro lembrar-se de JJ antes do senhor das Pipocas da Feira Popular e que o amadorense é dos melhores treinadores portugueses. Com este espírito, acredito que teremos abraço entre os dois, da próxima vez que se cruzarem. No campo, e apenas no campo, foi o que vimos – empate precioso que permite aos “encarnados” sonharem com o tão ambicionado Tetra.
Adrien e Lindelof deram “brilho” ao marcador num jogo bem disputado e que teve um ambiente super fantástico – Alvalade teve lotação esgotada. Artur Soares Dias esteve uma vez mais “imaculado”, à vista humana. Para aqueles que pregam o medo e a violência, Luisão e B. César responderam com um enorme abraço, no início do jogo. Ederson não olhou à cor da camisola de Gelson Martins na hora de esticar-lhe a perna e ajudá-lo a debelar uma possível cãibra. Pena foi a Juveleo não ter exibido a coreografia que pretendia em respeito à vida humana.
Não pretendo ser mais um à deitar “tochas” à “fogueira” – com artigos que visam incentivar o ódio e o clima intolerável que se está a criar a volta do futebol nacional. O futebol português precisa rapidamente de serenar os ânimos. Cada vez que há um jogo onde os intervenientes são um dos “três grandes”, os presidentes do Sporting CP e FC Porto tudo fazem para chamarem a si atenção e reclamarem o “prémio gritaria” – criticando a todos e metendo em causa o bom nome do Conselho de Arbitragem, Comissão Disciplinar e Liga. Nós adeptos do futebol, queremos líderes que ajudem a criar um ambiente apaziguador a volta do futebol nacional. Líderes capazes de reconhecer que os campeonatos não são ganhos por quem “grita” mais. Não me venham com a conversa de “colinho”, “calabotes” ou “os 17 (?) penáltis de Mário Jardel em 2001/2002”. Há que reconhecer mérito e aprender com o trabalho dos outros. Virou moda falar-se dos erros de arbitragem para, em surdina, esconder-se os erros de planificação de uma época desportiva falhada. Parem de criticar os árbitros quando se perde e falar bem deles quando se ganha. Não percebo por exemplo a “gritaria” pelos lados do Dragão quando a equipa está a 3 pontos da liderança à 4 jornadas do fim… Muito menos consigo compreender o discurso de “coitadinho” dos dirigentes leoninos quando têm dos melhores treinadores da Europa e um dos melhores plantéis dos últimos 10 anos. Patrício, William, Adrien, Dost, Coates… Preciso citar mais nomes? Aos dragões e leões, sugiro que “gritem” menos, joguem mais à bola e aprendam com os outros.
Nem podia ser de outro jeito: antes de terminar, palavra de conforto à família do malogrado adepto da Fiorentina que perdeu a vida nas imediações do Estádio da Luz, na madrugada que antecedeu ao dérbi. Segundo relatos, Marco Facini foi atropelado por volta das 3h da manhã depois de acalorada discussão com adeptos desconhecidos que também pretendiam obter, àquela hora, o melhor ângulo de fotos, quiçá para a posteridade, de Cosme Damião e Eusébio. Sejam quais forem os motivos, condeno-os e espero que as autoridades encontrem rapidamente e punam os responsáveis de forma exemplar.
Até a próxima Semana, caros leitores!
Assina: Manuel Mendes Gestor Imobiliário
PS (Post Scriptum): Manuel Mendes opta por escrever na antiga ortografia da língua portuguesa.