A perturbação de conduta, entidade nosológica descrita pela primeira vez, em 1968, pela Associação Americana de Psiquiatria, tem como característica essencial um padrão de comportamento persistente e repetitivo, no qual os direitos básicos dos outros, regras ou normas de relacionamento social, são violados.
A maioria dos autores defende que a etilologia (causa) desta doença é multifatorial, ou seja, que fatores genéticos (hereditários) e ambientais estão implicados na sua génese, parecendo haver uma tendência familiar para a sua ocorrência. Atualmente, reconhecem-se alguns fatores predisponentes ao desenvolvimento desta doença: abandono ou negligência parental, abuso sexual ou físico e internamento institucional precoce.
O que é a Perturbação de Oposição – Desafio (POD)
Qualquer criança, mesmo a mais bem comportada, pode ter períodos de oposição e desafio. Os sintomas iniciam-se antes dos 8 anos de idade. É caracterizada por comportamentos de negação, desafiadores, desobedientes e hostis para com figuras de autoridade (pais e professores).
As crianças começam a apresentar os sintomas no início da infância, mais frequentemente durante o período pré-escolar, altura em que comportamentos opositivos e desafiadores são esperados.
Apesar de as crianças com comportamento opositivo e desafiador demonstrarem oposição e hostilidade, em relação às regras e disciplinas, impostas pelos pais e outras figuras (como por exemplo os professores) estas crianças não têm o hábito de desvalorizar os outros.Um dos maiores problemas destas crianças refere-se à dificuldade para resolver problemas de maneira hábil e coerente. Apresentam também uma maior dificuldade no relacionamento familiar.
Como é que se manifesta a POD?
As crianças com POD facilmente:
- Perdem a paciência;
- Desencadeiam brigas com crianças da sua idade;
- Discutem com os adultos;
- Desafiam e recusam-se a obedecer a solicitações ou regras;
- Incomodam deliberadamente os outros;
- Não assumem os seus erros;
- Estão quase sempre irritadas;
- Não adquiriram normas básicas: alimentação, sono, descanso e ordem;
- Não se concentram numa tarefa, (dão voltas na sala de aula e passam de uma tarefa para outra);
- Querem impor o seu desejo à força;
- Querem ser as primeiras a sair para o recreio, as primeiras numa fila;
- Costumam culpar os outros pelos seus erros;
- Fazem coisas que incomodam os outros;
- Lutam contra o inevitável, (tal como ir para a cama, ir para a escola ou ir para a mesa de refeições mesmo quando sabem que, eventualmente, podem ser obrigadas a fazê-lo);
- Quando brincam com amigos, insistem em fazer tudo à sua maneira;
- Podem ser capazes de mentir ou enganar para escapar à responsabilidade das suas ações;
- Ignoram ordens;
- Quebram regras indiscriminadamente;
- Atormentam ou insultam, aparentemente, por divertimento;
- Resistem em fazer uma interrupção, quando estão a brincar;
- Não conseguem controlar o seu temperamento, como as crianças da sua idade (…).
Consequências….
- Estão constantemente envolvidas em discussões;
- São muitas vezes rejeitadas pelos colegas;
- São desatentas e pouco motivadas para aprender (tendo em conta de que se trata de algo “obrigatório”);
- São prejudicadas de forma significativa no funcionamento social e académico;
- Têm baixa autoestima (AE)
Intervenção
O objetivo da intervenção é reconstruir a autoestima da criança, a relação intrafamiliar e treinar os pais na melhor maneira de lidar com o comportamento dos filhos.
O tratamento inclui frequentemente terapia individual e familiar.
Quando a criança já se encontra na escola,a abordagem terapêutica consiste numa combinação de psicoterapia individual, com intervenções na escola e família.
Para adolescentes, está recomendada a psicoterapia individual, em conjunto com a intervenção familiar.
O uso de medicação só está indicado, quando estão associadas outras doenças (PHDA, ansiedade, depressão ou doença bipolar).
Estratégias de Intervenção
Ao dar uma ordem, o adulto deve posicionar-se perto da criança, com voz firme, sem deixar de lado o afeto, usando o verbo na forma imperativa, olhá-la diretamente nos olhos e, se houver resistência, socorrer-se de uma ligeira pressão física (ex. segurar-lhe no braço). Deve existir coerência entre o casal, ou seja, pai e mãe devem esforçar-se por ter a mesma atitude. Aja, não perca o controlo! Quanto mais debatem um problema, mais a atitude rude aumenta. É importante estabelecer programas de incentivo antes de utilizar a punição.
Nunca se deve dar ordens à distância, dar ordens vagas, dar ordens complexas, dar ordens acompanhadas de muitas explicações ou dar ordens sob a forma de pergunta (criamos espaço para o NÃO).
A Perturbação de Oposição e de Desafio apresenta uma boa resposta à psicoterapia, com grande percentagem de casos a registar uma diminuição muito significativa da frequência de comportamentos opositivos.
Psicóloga Clínica Margarida Alegria
Clínica Médica Dentária Nuno Alegria
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