Está patente no Museu Municipal de Santiago do Cacém, até dia 26 de setembro, uma exposição de pintura de Artur Bual. O A mostra foi inaugurada no dia 11 de julho e contou com a presença do Vereador da Cultura, Norberto Barradas, e de familiares do pintor, que faleceu em 1999 e que se destacou no panorama das Artes Plásticas em Portugal no século XX. Destaque também, na inauguração, para a participação dos alunos da Escola Municipal de Música, que abrilhantaram a tarde.
Sobre Artur Bual (1926 – 1999)
Embora escultor e ceramista, é como pintor gestualista que a sua obra artística é mais reconhecida. Realizou diversas exposições em Portugal e no estrangeiro. Está representado em diversas coleções: Palácio da Justiça de Lisboa, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Museus Nacionais, Câmaras Municipais, Centro de Formação Profissional de Pegões, Governo Regional dos Açores, etc. Executou diversos frescos em doze capelas, no Alentejo e Ribatejo.
Na sua tese “L’Art dans la Société Portugaise au XX ème Siecle”, apresentada na secção de Ciências Sociais da Ecole des Hautes Études, de Paris, José-Augusto França citava nove pintores representativos das várias […] tendências do abstraccionismo na pintura portuguesa, entre os quais como iniciador do gestualismo, Artur Bual. Os outros eram Vespeira, Fernando Azevedo, Fernando Lanhas, Nadir Afonso, Joaquim Rodrigo, Menez, João Vieira e D’Assumpção, citados por esta ordem.
Em qualquer caso, porém, uma lista de pintores historicamente representativos das várias tendências da pintura abstrata em Portugal seria sempre incompleta sem o nome de Bual. (Isto independentemente do juízo de valor que se queira fazer sobre um dos maiores pintores portugueses desta segunda metade do século). A razão é que a pintura de Bual é a primeira, e ainda a mais importante, referência do gestualismo na pintura portuguesa.
Com efeito, o gestualismo principiou na pintura portuguesa em 1958 com Artur Bual e foi na obra deste pintor que atingiu, e mantém ainda, a sua mais alta expressão estética.
Bual aparece no meio artístico português nos anos 50. Um tempo de alguns equívocos mas também de intensa ebulição criativa, em que a arte abstrata, até ali dispersa, passa a ser vista como uma vanguarda entre / ou contra, o Neorrealismo e o Surrealismo, que eram, desde o final da II Guerra Mundial, os movimentos modernos que agitavam mais alto as bandeiras. O seu nome figura entre os dos artistas abstratos de Portugal que a Galeria de Março, (1952-54) reuniu “em parada completa pela primeira vez” em Abril de 1954 num I Salão de Arte Abstrata organizado pelo historiador e crítico de arte referido no começo destas linhas, mas a sua pintura não tinha ainda encontrado nessa altura, um rumo próprio: o abstracionismo, conquanto provável no seu horizonte, não constituía senão uma tendência.
O que na verdade a sua pintura tendia a representar (isso o ia levar, justamente, ao gestualismo) era o próprio ato de pintar.
Entretanto, quadros seus iam sendo vistos nas principais “coletivas” da época (as Gerais de Artes Plásticas da S.N.B.A., várias exposições da Galeria Pórtico a I Exposição de Artes Plásticas da Fundação C. Gulbenkian. etc.), até que em 1958 é exibida, no I Salão de Arte Moderna da S.N.B.A., a sua primeira pintura gestual.