Que não se reescreva a história
Nos últimos dias os jornais locais têm noticiado uma disputa absurda entre PSD e CDU tendo como suposto mote o papel de Alfredo da Silva na história do concelho do Barreiro e não só. Esta absurda disputa, que veio interromper a encenação política, de ora agora votas tu, ora agora abstenho-me eu, propondo uma revisão da história em função das narrativas partidárias, apenas contribui – na prática .- para, criar, de parte a parte, uma cortina de fumo sobre os problemas reais do Barreiro.
Alfredo da Silva é uma figura incontornável da história da cidade e o seu percurso e legado permitiram que o Barreiro deixasse de ser uma vila piscatória e adquirisse a dimensão de uma grande urbe industrial europeia. Desenquadrar a acção de um dos maiores industriais da história de Portugal do seu contexto histórico constitui um gravíssimo exercício de desonestidade intelectual.
Anacronismo à parte, é certo que o industrial português não comungaria, nem por sombras, do ideário socialista. Disse-o, escreveu-o e praticou-o, como “patrão” que se arrogava de ser e, como foi prática de outros industrialistas europeus do seu tempo. No entanto, ignorar que edificou o maior complexo industrial português e, a ele associado, providenciou no Barreiro um conjunto de serviços e infra-estruturas nas áreas da saúde, educação, habitação, desporto, lazer e cultura seria ver um só lado da moeda. A história fala por si, os fluxos migratórios de dezenas de milhares de pessoas de todo o país para o Barreiro atestaram durante decénios a dimensão da sua herança. É inegável que várias gerações procuraram e encontraram no nosso território uma forma de melhorar a sua qualidade de vida.
O futuro da nossa cidade não se constrói na base de lógicas sectárias, revisionismos históricos, comunicados anti-capitalistas delirantes nem na ânsia do Partido Comunista em falar abusivamente em nome do povo do Barreiro. Também não se desenvolve na base de homenagens extemporâneas sob o manto do empreendedorismo que mais não visam que disfarçar a ausência de uma estratégia do governo Passos e Portas para o desenvolvimento económico do Barreiro. E sobre cerimoniais e concertos oferecidos àpopulação sob o diadema da gratuidade mas que, porque derivados do orçamento de uma empresa pública, acabam finalmente sendo pagos, directa ou indirectamente, por todos nós.
Recordemos ainda, que apesar das guerras de alecrim e manjerona que agora encenam, PSD e PCP partilham o poder executivo na Câmara Municipal do Barreiro. O regresso do extremismo ideológico do Partido Comunista e o reforço da demagogia do PSD não auguram nada de positivo para o Barreiro.
Ao invés, e porque o desenvolvimento económico é de natureza suprapartidária, o PS Barreiro sugere que se siga o caminho da convergência de ideias e de acções, e congratula-se com facto de recentemente ter sido aprovada, por unanimidade, a proposta dos vereadores do socialistas para a criação de uma Plataforma Pública de Empresas Locais, uma ferramenta e mais um passo para criar um ambiente económico propício à fixação de empresas e a fomentaras já existentes. No momento critico que vivemos, onde assistimos a uma diminuição da população barreirense e a um acelerado envelhecimento, importa focar no que nos une para dar futuro à nossa cidade em vez de colocar o foco em questiúnculas que em nada dignificam o Barreiro e os barreirenses. Nem são solução para nada!
O PS do Barreiro recusa que se utilize a figura de Alfredo da Silva para alimentar pequenas disputas político-partidárias em que apenas sai fragilizada a memória colectiva barreirense.
P’la direcção do Partido Socialista do Barreiro
André Pinotes Batista