Os vereadores Nuno Matias e Miguel Salvado, apresentaram uma moção onde condenam a falta de atuação do governo em relação ao caos nas urgências do Hospital Garcia de Orta. O partido considera que não é aceitável que as escalas de urgência das equipas de Medicina Interna prevejam cerca de 450 horas extraordinárias por ano, quando o limite é de apenas 150 horas.
O Partido Social-Democrata em Almada apresentou uma moção na última reunião de câmara onde toma posição sobre as recentes e conhecidas situações de encerramento da Urgência Pediátrica, que têm posto ainda mais a nu estas debilidades, ocorrendo situações de doentes pediátricos que se deslocam ao HGO por estarem demasiado instáveis para se dirigirem às unidades de saúde alternativas e que têm de ser atendidos por internistas sem que estes tenham como garantido o apoio de um especialista.
Quanto às urgências pediátricas, o Governo apresenta como solução mais um concurso para o preenchimento de vagas, medida essa que já foi tentada e falhou. De frisar que os médicos em Almada possuem de várias ofertas no setor privado e o Serviço Nacional de Saúde não se apresenta como uma opção favorável para a carreira destes profissionais.
“A administração do HGO sem a ajuda do Ministério da Saúde não consegue solucionar este problema rapidamente e a resposta do ministério tem sido bastante fraca. De salientar que há uma classe profissional inteira a precisar de incentivos e melhorias nas carreiras. O problema do HGO não é um caso isolado, é um problema de falta de políticas de gestão de recursos humanos”, afirma o presidente do PSD Almada, Miguel Salvado.
Para além dos Médicos, também os Enfermeiros têm dado sinais de desgaste e chegam-nos informações de debandada deste tipo de profissionais para outros serviços, onde, provavelmente, se sentem mais úteis. Existem ainda situações relacionadas com o próprio espaço de trabalho exíguo, desatualizado, pouco ventilado que levam a uma falta de condições para prestar um atendimento com os níveis de qualidade exigidos.
|Moção :
Moção – Urgência do Hospital Garcia de Orta
São cada vez mais preocupantes as notícias e informações que nos têm chegado relativamente ao Hospital Garcia de Orta (HGO) e, mais concretamente, ao seu serviço de Urgência.
Ainda recentemente fomos confrontados com a recusa de 20 internistas – ou seja: a totalidade dos profissionais desta especialidade – em fazerem mais horas extraordinárias, pondo assim em causa a urgência do próprio hospital que está excessivamente dependente deste recurso.
De facto, não é aceitável que as escalas de urgência das equipas de Medicina Interna prevejam cerca de 450 horas extraordinárias por ano (quando o limite é de apenas 150 horas) o que provoca uma sobrecarga nos profissionais que começam a dar sinais claros.
Para além desta questão, existem ainda indicações de que estes profissionais são confrontados com a necessidade de tomar decisões que não lhes deveriam ser atribuídas, uma vez que há várias especialidades que têm sido excluídas da Urgência (sem que isso traga melhorias ao circuito do doente urgente) ou não têm pessoal suficiente.
As recentes e conhecidas situações de encerramento da Urgência Pediátrica têm posto ainda mais a nu estas debilidades, ocorrendo situações de doentes pediátricos que se deslocam ao HGO por estarem demasiado instáveis para se dirigirem às unidades de saúde alternativas e que têm de ser atendidos por internistas sem que estes tenham como garantido o apoio de um especialista que, embora presente poderá estar a responder a casos graves que se passem no internamento.
Para além dos Médicos, também os Enfermeiros têm dado sinais de desgaste e chegam-nos informações de debandada deste tipo de profissionais para outros serviços, onde, provavelmente, se sentem mais úteis.
Existem ainda situações relacionadas com o próprio espaço de trabalho exíguo, desatualizado, pouco ventilado que levam a uma falta de condições para prestar um atendimento com os níveis de qualidade exigidos.
Perante tudo isto e sendo verdade todos os factos que têm vindo a publico, por parte da Administração do HGO as respostas são quase nulas ou inexistentes isto é não são dadas justificações às queixas dos profissionais e não são prestados esclarecimentos à comunicação social nem à população. Não mostram sequer capacidade de diálogo ou a busca de uma solução aceitável.
Assim, a Câmara Municipal de Almada, reunida em 4 de Novembro de 2019, delibera:
- Manifestar a sua profunda preocupação com as noticias vindas a público e com as reclamações crescentes dos profissionais do Hospital Garcia de Orta, mas também dos utentes;
- Dentro do acompanhamento e da preocupação que o Executivo vem tendo desde há muitos meses em relação a esta matéria, vai solicitar mais uma reunião ao Governo, bem como ao Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, para que se possa avaliar as propostas de ação concreta que estão a ser desenvolvidas para solucionar estes graves problemas.
PSD Almada