SAMINA, reconhecido artista urbano, realizou uma intervenção artística de homenagem a António Inácio da Cruz*, numa área de 32 m2, num posto de transformação da EDP situado num dos principais acessos para a Vila Morena. O trabalho de Street Art foi desenvolvido durante três dias, de 10 a 12 de agosto, no âmbito do Arte na Rua. O projeto do Município de Grândola traz à Vila Morena artistas conceituados com o objetivo de criar um circuito de Arte Urbana e, ao mesmo tempo, promove o trabalho e a criatividade de artistas e artesãos do concelho. Nesta 4.ª edição, o jovem grafitter Vitório deu “asas às latas” para uma pintura que valorizou e embelezou o Largo D. Simão de Menezes. No jardim 1.º de maio uma dezena de artesãos de diversas áreas e jovens pintores de Grândola estiveram a trabalhar ao vivo ao longo do último dia do Arte da Rua.
* António Inácio da Cruz nasceu em Grândola, em 1876. Herdeiro de um razoável património, na sua maior parte em propriedades rústicas, dedicou a sua vida a geri-lo, embora se dedicasse também a atividades de carácter intelectual. Apesar de não ter estudos superiores, dedicou-se à Astronomia, à Física, à Música e às Ciências Sociais. Foi um homem reservado e com poucos amigos, mas que nunca deixou de praticar a solidariedade, nomeadamente com os mais necessitados. Vítima de leucemia, faleceu em Grândola em 1955. Solteiro e sem descendentes legou o seu património ao Concelho. Em testamento deixou expressa a sua intenção de ser criada uma fundação com o seu nome, que administraria os bens legados. Os lucros obtidos pela fundação através da exploração do património deviam reverter para o auxílio a estudantes necessitados de Grândola que se distinguissem pelas melhores notas, e também para a construção e manutenção de uma escola de ensino técnico profissional (agrícola e industrial). A fundação seria administrada por uma junta diretiva constituída por um representante da autarquia, dois professores do ensino oficial e dois agricultores do Concelho. A Fundação António Inácio da Cruz foi criada em 1958, e em 1964 foi inaugurada a Escola Secundária António Inácio da Cruz, totalmente custeada e gerida com o dinheiro da Fundação. Em 1977, por razões de ordem administrativa e política, a Fundação foi extinta pelo Governo, e os seus bens passaram para a posse do Estado. De referir, que a Escola continua a manter o nome de António Inácio da Cruz, bem como a avenida onde a mesma se situa.