O Barreiro assinalou as Jornadas Europeias do Património com um conjunto de iniciativas com o tema “Património Natureza: Pessoas, Lugares, Histórias – Moinhos de Alburrica: reabilitação do Moinho de Vento Nascente”.

 

Ao final da tarde de sexta-feira, 22 de setembro, foi assinado o Protocolo de Doação de Espólio de Augusto Pereira Valegas entre o Município do Barreiro e a Família Valegas. A cerimónia, junto ao recém recuperado Moinho de Vento Nascente de Alburrica, foi abrilhantada por um apontamento musical com Violinista Miguel Vaz.

 

A doação, num “ato simbólico muito importante para nós”, conforme afirmou a filha Amália Valegas, representante da família, reúne o espólio resultado de anos de trabalho do pai. Augusto Valegas, figura incontornável, Medalha de Honra do Concelho, esteve, recorde-se, envolvido na criação e realização dos Jogos Juvenis do Barreiro, um ícone na Região exemplo no País, e foi editor de “Um Olhar Sobre o Barreiro”, Revista não Periódica, nas bancas de 1981 a 1997, um retrato do Concelho, ainda a hoje um contributo para a “reconstrução” da História do Barreiro e para a preservação da memória coletiva. De acordo com Amália Valegas, o espólio será acolhido no Espaço Memória onde será catalogado, digitalizado, e disponibilizado ao público.

O Presidente da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), Carlos Humberto de Carvalho, lembrou a personalidade “com quem a gente discutia mas, fundamentalmente, trabalhava, construía” e momentos em que se fez “cultura” mas, também, “resistência” e “democracia” – “momentos muito importantes que nos marcaram para o resto da vida”, disse, fazendo, ainda, questão de assinalar a localização daquela sessão perante “uma vista maravilhosa”, com o Rio como pano de fundo.

 

 

 

Conversa sobre o Património Moageiro e a Classificação de Interesse Municipal

 

Na tarde de sábado, dia 23, realizou-se, igualmente, junto ao Moinho de Vento Nascente de Alburrica, uma Conversa sobre o Património Moageiro e a Classificação de Interesse Municipal do Sítio de Alburrica e do Mexilhoeiro e o seu Património Moageiro, Ambiental e Paisagístico.

 

Na sessão, marcaram presença Jorge Miranda, CEO da Etnoideia, empresa especializada no desenvolvimento Rural, Molinologia e Etnoturismo, responsável pelo projeto de reabilitação do Moinho, os técnicos da Autarquia, do Espaço Memória, António Camarão, e o Chefe da Divisão de Planeamento Ambiente e Mobilidade, João Paulo Lopes, e o Presidente da CMB.

 

António Camarão frisou o caráter “emblemático” e “simbólico” que os moinhos têm para os barreirenses, numa zona paisagem natural, “modelada pelo homem”.

 

João Paulo Lopes falou do território e apresentou o pensamento e visão para o local, onde existe memória da existência de mais de uma dezena de moinhos de vento e de outros tantos de maré. O técnico municipal referiu a orientação para a “preservação e requalificação das frentes ribeirinhas” e os seus patrimónios vários, e enfatizou o caráter turístico daquele local, tão próximo Lisboa, como “algo que pode ser potenciado”, contemplando a “eventualidade de criar redes” ao nível da margem sul – “não competir mas cooptir”, disse.

“Aqueles milhões de pessoas [em Lisboa] não lhes passa pela cabeça a excelência que há aqui”, disse Jorge Miranda. Os moinhos refletem conhecimentos do Sec. XVIII, que, disse, “são, na sua génese:  investigação, tecnologia de ponta”.

O especialista reconheceu, também, o potencial turístico da zona: “É preciso vir a primeira vez… depois vem-se muitas vezes”.

O moinho nascente tem uma inclinação de 4cm, fruto da erosão, pelo que terá que haver alguma intervenção para corrigir esta situação, informou o Presidente da CMB. Carlos Humberto de Carvalho salientou que as velas dos moinhos e as velas da embarcação muleta, nesta altura, em processo de construção, são ícones do Barreiro.

 

Atividades com a comunidade escolar

 

Na sexta-feira, 22 de setembro, decorreram, também, duas sessões do Teatro de Marionetas “O Principezinho visita o Barreiro”, apresentadas pelo técnico da Autarquia João Gomes à comunidade escolar, seguidas de visita ao Moinho de Vento Nascente de Alburrica.

As visitas ao Moinho foram guiadas por um “moleiro do séc. XVIII” e pelo especialista Jorge Miranda, da Etnoideia.

O Moinho de Vento Nascente tem um mastro com cerca de 10 metros e varas de sete metros.

 

O Programa das JEP incluiu, ainda, Passeios de Varino Pestarola diurnos (com circuito pelo património classificado, de Alburrica à Quinta da Braamcamp) e noturno.

 

 

CMB