Foi com grande apreensão e perplexidade que o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda tomou conhecimento da exoneração da Administração do Arsenal do Alfeite.

Desde a transformação do Arsenal do Alfeite em Arsenal do Alfeite S.A., sociedade anónima de capitais públicos, encetada em 2009 pelo governo do PS de José Sócrates e com a conivência de PSD e CDS sob o pretexto de “ampliar o número de potenciais clientes nacionais e internacionais e de desenvolver o negócio com vista à sua modernização”, este estaleiro de fundamental importância histórica e estratégica para o país, tem vindo a ser apartado das suas competências, sendo a sua degradação melhor ilustrada pela perda substantiva do número de trabalhadores, pelo encerramento da sua Escola de Formação e pela consequente perda de valências e know-how.

A demissão da presente Administração é justificada pela necessidade de implementação de “um novo modelo de gestão”. Esta foi a quarta Administração do Arsenal do Alfeite exonerada em 10 anos, e que todas elas se afiguravam enquanto impulsionadoras de “um novo modelo de gestão”, disponibilizando-se a promover “investimentos” e “modernizações”, mas que acabaram por não conseguir evitar a descapitalização e destruição da empresa.

Para o Bloco de Esquerda é incompreensível que após uma década de variadíssimas estratégias que assentavam nos chavões da “reestruturação” e “modernização”, se venha agora fazer uso da mesma fundamentação para trilhar um caminho que tem sido desastroso para a sustentabilidade operacional, logística e financeira do estaleiro, já para não falar das calamitosas consequências para as condições laborais dos trabalhadores e ex-trabalhadores que foram e continuam a ser o maior ativo do Arsenal do Alfeite. 

Perante esta situação o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda manifestando a sua maior apreensão com o futuro do Arsenal do Alfeite e dos seus trabalhadores, que mesmo no decorrer de uma crise pandémica e sanitária permanecem em laboração, dando prossecução às necessidades operacionais do estaleiro, questionou o governo, através do Ministério da Defesa Nacional, com as seguintes perguntas:

1. Que motivos levaram à exoneração da Administração da Arsenal do Alfeite S.A.? 

2. Como explica o governo o aparente falhanço da estratégia atual e a necessidade de um novo rumo para o Arsenal do Alfeite? 

3. Por que razão não considera o governo que a agora exonerada Administração estaria apta para cumprir os novos objetivos estratégicos do estaleiro? 

4. Quando prevê o governo nomear uma nova Administração? Que requisitos serão levados em conta para proceder à escolha da nova Administração? 

5. Sendo esta a quarta Administração exonerada na última década, não considera o governo que as estratégias encetadas nos últimos 10 anos demonstram uma incapacidade dos diversos governos em estabelecer um rumo concreto que devolva o Arsenal do Alfeite a lugares de destaque mundial relativamente à construção, reparação e manutenção naval? 

Os trabalhadores do Arsenal do Alfeite merecem uma resposta clara do governo sobre o seu futuro.