A Câmara Municipal de Setúbal voltou a anunciar no seu site, mais uma reunião de câmara sem a presença de público, comunicação social ou transmissão online da sessão. 

Se já antes a omissão desta possibilidade era grave, por ser um deliberado esforço em impedir um aumento do número de munícipes atentos à governação local, no atual momento em que vivemos essa gravidade duplica. Será que também agora, alegam que a transmissão online das reuniões públicas estimula a “cidadania passiva”? 

Nem se deram ao trabalho de retirar a palavra “pública” do nome da reunião, porque estas reuniões serão tudo menos públicas – não podemos participar nem assistir ao que se vai dizer. É um estilo de governação certamente apreciado pelo partido que nos governa, mas que não é admissível. 

O PCP não pode no Parlamento votar contra o Estado de Emergência e ser favorável a manifestações de rua, e nas autarquias fingir-se tão zeloso que não permite que a população entre no edíficio municipal para exercer o seu direito a assistir a uma reunião. Ou melhor, pode, mas ninguém acredita que esse seja o motivo. Se não permitissem a presença de público e de comunicação social por motivos de segurança, asseguravam-nos uma alternativa, a única possível, a transmissão da reunião no seu site ou nas suas redes sociais. 


O departamento de comunicação e audiovisuais da Câmara Municipal não pode servir só e apenas para estar ao serviço da propaganda. As redes sociais não podem ser apenas lugares de entretenimento e promoção de elementos da autarquia, amigos e simpatizantes do Partido Comunista. 
Não é da natureza ideológica do PCP questionar quem governa, e continuarão a negar-se a ligar uma máquina de filmar e transmitir o que dizem e fazem, porque correm o risco de ter milhares de pessoas a testemunhar a soberba com que nos governam. 


Democracia exige transparência. Se todos estamos impedidos de assistir presencialmente, e se a Câmara tem os meios necessários para resolver em parte essa situação, o facto de nem a colocar em hipótese revela em pleno as suas intenções. 
O Executivo Municipal de Setúbal, não está nem nunca esteve interessado na participação popular. Não querem saber da opinião do povo que dizem representar, e o momento que vivemos é o ideal para não terem de se maçar a responder a quem os elegeu. 

A classe política, aqui patrocinada pelo PCP, dá mais um tiro nos pés, demonstrando que não está interessada em ser escrutinada, que não está interessada em aproximar-se da população, que não está interessada se há desinteresse e depois abstenção.

João Conde

Juventude Popular de Setúbal