«Ano novo, vida nova!» é, habitualmente, a expressão mais proferida pelos portugueses assim que acordam no dia 1 de Janeiro, com uma dor de cabeça abismal. Pois bem, o Estapafúrdios do Quotidiano pensou exactamente o contrário de toda a gente: nós vamos continuar igualzinhos àquilo que fomos durante o ano que passou. E, como tal, decidimos principiar este ano de 2016 com uma espécie de prenda de Natal atrasada a todos os leitores desta crónica catita. Perdemos a cabeça e fomos falar com três candidatos às presidenciais, para tentar saber como tinha sido o seu réveillon. Ora vejamos com quem fomos falar…

 

 

1º candidato: Marisa Matias

 

 

Marisa Matias, a deputada europeia e candidata à Presidência da República pelo Bloco de Esquerda, aceitou falar connosco a troco de um bolinho de cannabis e uma embalagem de tinta preta para o cabelo.

«Oiçam, os meus caros amigos têm de entender uma coisa: nós, no Bloco de Esquerda, somos uma enorme família. Não somos como esses partidos de direita da treta que por aí andam, que pela frente são os melhores amigos e depois por trás é cada um por si e salve-se quem puder! Por isso, o meu réveillon foi o melhor de sempre, porque passei-o na companhia da minha família de esquerda, a fumar charros, a beber champanhe com uns bolinhos de cannabis a acompanhar e à meia-noite subimos todos para cima de cadeiras e entrámos em 2016 com o pé esquerdo. Porquê com o pé esquerdo? Ora que raio de pergunta essa… Porque somos um partido de esquerda, caramba! Quer dizer, nós é que fumamos cenas para rir, e vocês é que andam todos queimados! Olhem, dêem-me mas é mais um bolinho desses e vão lá à vossa vida!»

 

(Eh pá, se nós soubéssemos que o réveillon do Bloco de Esquerda ia ser assim tão animado, e tínhamos ido comer os bolinhos de can… Hum… passas… Tínhamos ido comer as passas com eles… Hum…)

 

 

2º candidato: Marcelo Rebelo de Sousa

 

Chegar à conversa com o Professor Marcelo foi, na verdade, muito fácil. Bastou levar um pastel de nata, uma caixa de Ben-u-ron e um par de barbatanas, para ele nos receber de braços abertos.

«Bom. O meu réveillon foi maravilhoso. Bom. Maravilhoso não é a palavra certa. Eu diria mais… estrondoso. Bom. Se calhar, estrondoso também não é uma palavra que… Aaaa… que melhor define o meu réveillon. Calminho. É isso mesmo. O meu réveillon foi muito calminho, tal e qual como eu gosto. E por que raio foi calminho? Aaaa… Bom. Eu passo a explicar, para que vocês se possam ir embora para eu ir experimentar essas barbatanas ali para a Praia do Meco. Bom. Aaaa… Bom. No dia 31 eu levantei-me cedo e, enquanto tomava o pequeno-almoço, li cerca de 5 livros. Depois vesti o meu fato de banho e fui nadar 50 quilómetros para o Rio Tejo. Ao almoço, enquanto mastigava o salmão, li mais 4 livros. A seguir a uma sesta, fui correr 20 quilómetros. Entre o jantar e a ceia, li mais 15 livros e vi 8 filmes. À meia-noite, enquanto comia as passas e abria o champanhe, aproveitei para ir atestar o depósito do carro antes que os preços subissem. E pronto, como podem constatar: tive um réveillon muito calmo. Bom. Aaaa.. Calminho, calminho…!»

 

(Aqui para nós que ninguém nos lê, se nós tivéssemos um réveillon assim tão calminho como o do Professor Marcelo, não tínhamos sequer chegado à hora de jantar, quanto mais à meia-noite…)

 

 

3º candidato: Vitorino Silva aka Tino de Rans

 

Foi muito fácil chegar à fala com o calceteiro mais famoso de Portugal, pois fomos encontrá-lo em Belém, de rabo para o ar à martelada às pedras da calçada.

«Vós deixai-me… me… .trabalhar. Eu não tenho tempo para conversinhas. Eu sou um patriota, eu tenho… o… o… amor à camisola, estais a ouvir! Eu o quê? Como e onde é que o Tino de Rans passou o réveill… réveill… réveillon? Ora onde é que achais que eu passei o réveillon? Aqui mesmo, cum catano. A trabalhar, a tapar os buracos que esta calçada tem! É porque isto não é uma calçada qualquer. Isto é a calçada da Presidência da República, e eu sou o melhor candidato para aqui estar a tapar os buracos. Sabeis porquê? Porque é preciso um calceteiro muito experiente para tapar os enormes bura… bura… buracos negros que o actual Presidente da República tem deixado por aqui… Não me chamo eu Tino de Rans, se eu não os vou tapar a todos, carago!»

 

(Perguntámos ao candidato Tino de Rans se ele estava disposto a fazer um presépio em calçada para oferecer à Maria em género de despedida, e ele enxotou-nos logo à pedrada para pôr de imediato mãos-à-obra… Se há homem neste país que é exímio a tapar buracos, esse homem é o shôr Tino de Rans, pá…)

 

BOM ANO DE 2016!

 

 

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