E neste início de 2019 não é diferente, pelo que formulo desde já esses mesmos votos e desejo a todas e a todos os leitores do DISTRITONLINE, e em particular a todas e a todos os Montijenses, que revelarem a vontade e a paciência para ler mais este meu escrito.
Mas estes desejos e estes votos não podem esconder os sinais perturbadores que acompanham estes tempos e que se manifestaram logo no primeiro dia do novo ano!
Com efeito, logo no dia 1, assistimos a uma tomada de posse do novo presidente brasileiro durante a qual este, na presença que lamento do nosso Presidente da República, assumiu um discurso e uma postura vergonhosamente fascista, confirmando infelizmente estar “à altura” das (piores) expectativas que criou…
Por cá, e ao que parece, nas homilias do primeiro dia do ano, a Igreja Católica portuguesa, talvez inspirada pela nova máxima do novo regime brasileiro “O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!”, sentiu-se com legitimidade e autoridade moral para atacar a classe política nacional e por essa via estimular o mais perigoso populismo, extravasando dessa forma uma perigosa fronteira da saudável separação que deve existir entre o “terreno” da política e o “espiritual” da fé…
Portugal é, há muito, um estado laico, não confessional e com total liberdade religiosa, como qualquer verdadeira e plena Democracia deve ser, pelo que o retrocesso político e civilizacional de que o novo regime brasileiro dá preocupantes mostras não deve constituir inspiração para ninguém, seja em que nível e plano for…
E se o novo ano já tinha assim começado com sinais preocupantes, a apreensão aumentou ainda mais quando um canal televisivo generalista, a TVI, resolveu aderir ao mais reles e abjeto populismo demagógico e antidemocrático, atacando entidades que são alicerces do nosso sistema democrático ao mesmo tempo que faz a promoção e o branqueamento do regime fascista de ditadura salazarista e concedendo o inacreditável estatuto de “ator político” a um conhecido criminoso da extrema-direita mais fascista, racista, xenófoba e violenta, já condenado por crimes de brutal violência de ódio racial!
Estes são, por tudo isto, tempos que a todos convocam, em especial aos que amam a Liberdade e a Democracia, a assumirem plenamente as suas responsabilidades na sua defesa e nos seus valores, ainda para mais num ano em que seremos chamados a exercer esse direito supremo num regime democrático que é o do voto, pois teremos eleições para o Parlamento Europeu e para a Assembleia da República (para além das Legislativas Regionais na Madeira)!
Mas esse dever e essa responsabilidade não se pode esgotar ou limitar aos atos eleitorais, pois a participação cívica responsável deve ser exercida em todos e em cada dia!
Por isso, aqui em Montijo, deveremos continuar a exercer a nossa exigência e vigilância perante uma maioria absoluta que o PS/Montijo transformou num intolerável “poder absoluto” com tiques ”feudais” na gestão municipal, num exercício político que se vem revelando completamente imobilista e esvaziado de ideias e projetos que vão para além das “obras de fachada” e da conservação do seu poder a qualquer custo, inclusive de princípios básicos e elementares do funcionamento de órgãos democráticos!
Tudo isto acompanhado de uma clara e evidente subserviência cúmplice e acrítica perante o Governo, como se viu recentemente na formalização com “pompa e circunstância” do acordo entre o Estado e a ANA/VINCI relativamente à expansão do Aeroporto Internacional de Lisboa em que foi confirmada a decisão da construção do aeroporto complementar em Montijo por adaptação da Base Aérea n.º 6, em total arrepio e atropelo do enquadramento e exigências legais existentes em termos da imperativa avaliação ambiental prévia, ainda para mais depois do primeiro Estudo de Impacto Ambiental apresentado ter sido liminarmente chumbado, criando desta forma uma inaceitável e intolerável pressão e condicionamento políticos sobre a Agência Portuguesa do Ambiente na apreciação que esta terá de fazer do segundo EIA, seja lá isso quando for (não se sabe se antes de Outubro…), a qual deveria ser livre e descomprometida.
Toda uma forma de governar e gerir na qual não me revejo e rejeito frontalmente, porque o “desenvolvimento económico” não pode ser feito a qualquer custo e a qualquer preço, e “contornando” ou “adaptando” a aplicação da legislação aplicável a este tipo de investimentos!
Por tudo isto, e chegados aqui, não posso deixar de aqui expressar o meu desejo de que se possa ir construindo aqui em Montijo, de forma estruturada e com elevado sentido de responsabilidade, uma nova alternativa à esquerda (porque sou assumidamente de esquerda e acredito que essa é a “visão do mundo” que, em Democracia, constrói as propostas socialmente mais justas) que possa em 2021 trazer à população de Montijo uma nova esperança para um Concelho melhor, mais justo, mais equitativo e mais qualificado.
Nas eleições europeias importa ter uma participação ativa, em que os Portugueses assumam também a sua condição de Europeus, demonstrando aos nossos parceiros que não estamos alheados da construção da Europa que queremos e em que acreditamos… e que não é esta que, em muitos domínios, atualmente temos!
Nas Legislativas, e tendo presente o percurso que foi possível fazer nos últimos 4 anos, revela-se fundamental exercer um voto que seja justo na avaliação daquilo que foram as responsabilidades e a ação política de cada partido na presente Legislatura e, dessa forma, impedir uma indesejável maioria absoluta do PS que, até por aquilo que temos visto aqui em Montijo, nada auguraria de positivo para os Portugueses!
E pronto… Como sempre faço e fiz na minha vida, não mandei dizer por ninguém… está escrito e assinado por mim!
A Todas e a Todos, os meus votos de Um Feliz 2019!
José Esteves
Munícipe de Montijo