A implementação do Terminal de Contentores e o Barreiro
A frente de rio junto ao Tejo constitui uma das principais mais valias da nossa cidade, por este motivo nenhum barreirense pode ficar indiferente à sua total aniquilação. Como cidadão e candidato à Presidência da Câmara Municipal do Barreiro sempre assumi o compromisso de, responsavelmente, assumir as minhas posições de forma clara sobre o que se vai perspectivando para o futuro do meu Concelho. Este é um contrato de transparência que assino com todo vós e com a minha consciência: que seja clara a minha opinião sobre o que afeta a nossa cidade e sobre o futuro da nossa terra.
É o caso da possível localização e dimensão do futuro Terminal de Contentores do Barreiro, agora tornado publico de forma inequívoca pelo Estudo de Impacte Ambiental mandado executar pela Administração do Porto de Lisboa (APL) e que se encontra em consulta pública. E para que fique claro desde já, a esta implantação do projeto, na extensão proposta, digo NÃO!
Nos últimos anos acompanhei este processo com especial atenção. Nas diversas intervenções que realizei, sempre referi que o aumento da atividade portuária é desejável para o Barreiro, que a instalação de um Terminal de Contentores poderia criar sinergias e mais valias para a nossa comunidade. No entanto, para poder tomar uma posição responsável em relação a uma infraestrutura que, a ser construída, será determinante e transformadora nas próximas décadas no concelho, sempre assumi duas premissas: que, para o bem e para o mal, as nossas decisões de hoje afectarão o que vamos deixar aos nossos netos; que a avaliação a fazer nunca deve ser leviana e muito menos assentar em fáceis populismos de momento eleitoral. Afinal é aqui que moro, que faço vida e onde quero que o meu e os nossos filhos cresçam e sejam felizes.
Neste sentido sempre referi que:
- Numa cidade com uma Visão clara do que quer ser, uma infraestrutura como o Terminal de Contentores tem que se enquadrar na nossa estratégia e não se transformar na estratégia em si mesma; Não aceito que se pendure mais uma vez o futuro do nosso desenvolvimento num único projeto que, ainda por cima, depende de terceiros. Conhecemos este caminho e vivemos com os seus maus resultados.
- uma decisão definitiva, se queremos ser responsáveis, só pode ser afirmada após a conclusão de todos os estudos ambientais e de viabilidade económica que nos permitam saber qual o real impacto que vai ter na cidade, seja ele ambiental, paisagístico, social ou económico. Devemos isso a nós e às gerações futuras.
Li atentamente a recente entrevista de um vereador do atual executivo, afirmando que “a fase 2 nos moldes em que aqui é apresentada, é liminarmente rejeitada pela Câmara Municipal do Barreiro e em concordância com o Governo”. Contudo, não posso deixar de me preocupar com algumas declarações que vou lendo sobre o tema. Uma matéria desta importância não pode ser tratada de um modo superficial. Dos políticos exige-se rigor e clareza nas palavras. Confundir a população é retirar-lhe o poder de defender os seus interesses e, nesta matéria, deveremos estar muitíssimo atentos.
Ao dia de hoje, é para mim claro, porque o Estudo de Impacte Ambiental assim o refere, que:
- Não existem duas concessões diferentes em discussão. Existe um projeto cuja construção se divide em duas fases.
- O terrapleno portuário final ficará praticamente todo formado na fase 1, de forma a reaproveitar ao máximo os dragados obtidos no estabelecimento no canal de acesso, ficando já constituída a área de reserva para a fase 2, ou seja, praticamente toda a implantação física do terminal.
Importa ainda observar uma preocupação que não deve sair do nosso horizonte:
- A deslocação para nascente do Terminal de Contentores como medida mitigadora dos impactes visuais que se nos apresentam pode implicar a impossibilidade de que no futuro possamos aspirar a ter no concelho uma nova Ponte sobre o Tejo para Lisboa. Não aceitamos que se comprometa o corredor que, mais cedo ou mais tarde, nos ligará à capital.
Por ser um assunto demasiado importante para o nosso concelho, é importante que o debate sobre este tema se faça de uma forma responsável, reivindicativa na defesa dos nossos interesses e proactiva na busca de soluções. Não contém comigo para populismos, eleitoralismos ou superficialidade na discussão. Este é o dever que tenho para com a minha terra e para com os meus concidadãos. Esta é a obrigação que sinto para com as gerações de barreirenses vindouras e que hoje vêm o futuro da sua cidade a aqui ser determinado.
O futuro de uma comunidade, e da nossa terra, só pode ser discutido de uma forma. Com clareza.
Frederico Rosa