Dia do IPS com oração de sapiência a cargo de António Costa e Silva
O Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) homenageou na quinta-feira passada o treinador setubalense José Mourinho com o título de Professor Honoris Causa, distinção atribuída pela primeira vez na história da instituição por ocasião da sessão solene comemorativa do Dia do IPS.
Ausente em Itália, onde cumpre compromissos profissionais ao serviço da AS Roma, José Mourinho sublinhou, através de mensagem de vídeo, “a tremenda honra” que significa esta distinção, vinda da “minha cidade” e de uma instituição que “tem feito um trabalho fantástico na formação dos jovens de Setúbal, da sua região e de outras regiões do país na busca de uma formação académica que lhes possa permitir ambições de futuro”.
No dia em que comemorou os seus 42 anos de existência, dando início oficial a mais um ano letivo, o IPS recebeu também as felicitações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Através de vídeo transmitido na tela do Auditório Nobre, o chefe de Estado sublinhou que, ao celebrar-se mais um aniversário do IPS, cujo “contributo dado à região é visível em múltiplas manifestações, celebra-se também o ensino superior politécnico, que é um dos pilares mais relevantes do Portugal democrático”.
Além do agradecimento pelas mais de quatro décadas de “dedicação a Portugal”, Marcelo Rebelo de Sousa assumiu também o “compromisso” de visitar a instituição “na primeira ocasião”, não sem antes convocar o IPS para o desafio da qualificação, que considera “uma das vias cruciais da reconstrução de Portugal” no período pós-pandémico e “uma pedra de toque essencial para o nosso sucesso”.
A António Costa e Silva, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PPR), coube este ano a tradicional oração de sapiência do Dia do IPS, através da qual defendeu a urgência de uma “mudança de paradigma mental” para Portugal e apontou o IPS como uma “luz da sociedade civil e educativa” capaz de apontar o caminho para um futuro mais colaborativo, como dita a sociedade do conhecimento em que já nos encontramos.
Num discurso em que não se coibiu de apontar as fragilidades do país, António Costa e Silva expôs igualmente as mudanças que considera necessárias. “A situação de Portugal hoje é extremamente difícil – um em cada quatro portugueses vive no limiar da pobreza, são cerca de 2 milhões de pessoas. Estou profundamente convicto de que isto é inaceitável e que nós podemos fazer melhor. E é aí que começa um dos grandes desafios para o futuro – o desafio de mudar o nosso paradigma mental”, disse.
Para o professor jubilado do Instituto Superior Técnico (IST) e responsável pela coordenação de vários projetos internacionais na área da energia, “somos um povo muito individualista, um povo de muitos eus e poucos nós”, sendo que “as comunidades que se constituem desta maneira, como uma coleção de cidadãos desgarrados, falham sempre o futuro”.
Pelo contrário, “as comunidades que têm um desígnio coletivo, um propósito de futuro, transcendem-se e conseguem realizações extraordinárias”, adiantou, sublinhando o papel do IPS como “luz da sociedade civil e educativa, porque mostra a capacidade de criar grandes plataformas colaborativas, entre as instituições de ensino, as empresas e as entidades territoriais, com as quais podemos transformar o futuro”.
Foi também numa perspetiva de futuro que se centrou a intervenção do presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, prestes a concluir o seu último mandato no cargo. “Se nestes 42 anos o IPS sempre se assumiu como um parceiro essencial na região, este ano devemos questionar-nos: que mais podemos fazer?”, considerou, defendendo que “o período pós-pandémico exige uma atuação mais cívica do IPS de forma a apoiar as comunidades onde nos inserimos”. Exemplo disso é a candidatura da instituição ao PPR, juntamente com mais de 150 parceiros, denominada Smart Open Networks for Development Accelaration – SONDA2026. “Estamos convictos que a sua aceitação constituirá um marco relevante para o IPS e para a região, porquanto permite qualificar mais pessoas, jovens e adultos, promover a inclusão e o desenvolvimento regional e também financiar a construção do edifício da Escola Superior de Saúde”, rematou, confessando que “tem sido um privilégio e uma honra poder servir o Instituto e a região”.
A cerimónia, que ofereceu um vasto programa comemorativo, teve o seu arranque com a tomada de posse da nova presidente do Conselho Geral, Sandra Martinho, diretora para a área de Educação e Filantropia na Microsoft Portugal, que sublinhou o desafio de “humanizar a tecnologia” e de apostar “num saber aliado ao ser”, em relação ao qual as instituições de ensino superior assumem um contributo determinante.
O reconhecimento institucional marcou ainda o programa do dia, com a entrega de medalhas de mérito e de valorização do percurso profissional dos trabalhadores docentes, não docentes e aposentados. O Dia do IPS foi também uma oportunidade para premiar o mérito académico dos estudantes e diplomados, de anunciar o vencedor do Prémio Carreira alumniIPS 2021, atribuído a Ana Matos, diplomada de Engenharia Civil da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro (ESTBarreiro/IPS), e de reconhecer o envolvimento da comunidade académica na resposta aos desafios da sustentabilidade, com a entrega do 1º Prémio IPS Sustentável ao projeto “Eco-trilhos COOL”, na área da mobilidade sustentável.
A cerimónia comemorativa encerrou com a entrega dos Títulos e Distinções Honoríficas, tendo o Diploma de Instituição de Mérito Científico e Tecnológico sido atribuída à empresa Lauak – Indústria Aeronáutica, na pessoa do seu diretor-geral, Armando Gomes, para quem o crescimento da empresa, desde 2003, “muito se deve ao IPS”, já que “mais de 75 por cento dos dirigentes da Lauak foram ou são ainda estudantes” da instituição.
IPS