O Presidente da Câmara Municipal da Moita, Rui Garcia, participou, ontem, dia 15 de julho, na audição conjunta de Presidentes de Câmaras sobre a avaliação de impacto ambiental do aeroporto Montijo e alargamento do Aeroporto Humberto Delgado na Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território da Assembleia da República.

“Este aeroporto complementar para viagens ponto a ponto operadas essencialmente por companhias low cost não apresenta perfil para constituir e trazer desenvolvimento económico expressivo aos concelhos da margem sul”, defendeu o Presidente da Câmara Municipal da Moita. O autarca realçou que, com as características do aeroporto complementar, sem operação de carga e com os serviços limitados que oferecem as companhias low cost, são expetáveis 350 postos de trabalho por 1 milhão de passageiros/ano, “muito longe, portanto, dos números fantasiosos que têm sido avançados”.

“O turismo é um setor com potencial de crescimento relevante na Península de Setúbal e os municípios da região estão a apostar no seu fomento, mas não é a presença de um aeroporto que, em si mesmo, determina esse crescimento. Qualificar o território, preservar e valorizar as riquezas ambientais únicas como o estuário do Tejo, criar uma oferta turística com infraestruturas de qualidade são a resposta e o caminho necessário para alcançar o objetivo de aumentar a participação do setor do turismo no produto da região. Um aeroporto no meio do estuário, prejudicando irremediavelmente a riqueza natural e paisagística e o potencial de desenvolvimento de atividades económicas de fruição desta riqueza não é seguramente um contributo para o desenvolvimento sustentado da região”.

Rui Garcia reafirmou que os impactos ambientais negativos estão subavaliados no Estudo de Impacto Ambiental. “Seriam irreversíveis e não mitigáveis”. Salientou também que o sobrevoo das aeronaves terá um forte impacto no concelho da Moita, sobretudo na união de freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, com mais de 30 mil habitantes, em termos de ruído, saúde e qualidade de vida. “Não é possível uma mitigação significativa, quer pelo número e características dos alojamentos afetados, quer porque as pessoas não vivem encerradas nos alojamentos”.

Em resposta aos deputados, Rui Garcia referiu que “é preciso escolher as localizações que tenham o desenvolvimento económico que pretendemos, mas que protejam também as pessoas”.

A Câmara Municipal da Moita defende a localização do novo aeroporto na margem sul do Tejo, mas no Campo de Tiro de Alcochete, que “possibilita verdadeiramente o crescimento económico, o reequilíbrio entre as duas sub-regiões da Área Metropolitana de Lisboa e o desenvolvimento da região de Setúbal”.