São cada vez mais os relatos e informações do aumento da pobreza em Setúbal que chegam à Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda. Sem proteção no emprego, largas camadas da população têm ficado de fora da prorrogação das prestações de desemprego, sendo excluídas dos apoios extraordinários por conta da condição de recursos, ou com valores de apoio muito abaixo do limiar de pobreza. O concelho de Setúbal, não foge a esta realidade.
Aumentaram significativamente os casos daqueles que batem à porta de instituições públicas e privadas solicitando apoio alimentar, casos detetados em escolas, em instituições sociais, em entidades particulares da restauração. Este é o espelho do aumento da pobreza e da falta de respostas de um estado que não cuida dos seus.
No meio desta incapacidade de resposta, existem pessoas, e as pessoas não são números, precisam de apoios efetivos, que ajudem a combater as desigualdades que esta crise acentua nas suas mais diversas formas. O investimento, o reforço imediato dos apoios sociais, com apoios mais abrangentes e com limiares acima da pobreza, é uma exigência fundamental à qual o poder, seja nacional ou local, tem que definir como prioridade.
Não basta dizer em parangonas e anúncios na comunicação social que tudo estamos a fazer, quando a realidade nos mostra o contrário. Na atual situação de emergência social como aquela que atravessamos, os apoios têm que ser para as pessoas e não para obras sem sentido, tem que ser para as pessoas e não para despedimentos e trabalho precário, tem que ser para as pessoas e não para contenção orçamental, seja no poder central seja no poder local.
Face a esta emergência social é preciso uma resposta clara e objetiva em que o poder local, também ele, tem que obrigatoriamente ir mais longe, na resposta à crise, na pobreza e fome que se instala, no aprofundamento das desigualdades.
– Queremos apoios sociais efetivos junto da população mais vulnerável e fragilizada, não deixando ninguém para trás;
– Queremos uma efetiva coordenação da rede de apoio domiciliário à pessoa em confinamento e/ou isolamento, em parceria com instituições locais, com particular destaque para as camadas mais carenciadas da população;
– Queremos medidas de apoio duradouras para os setores económicos mais fustigados pela crise, micro, pequenas e médias empresas, enquanto durar esta emergência social;
– Queremos apoio, sem exceção, a todo o movimento associativo e cultural, para além das iniciativas já lançadas.
Pensar em contenção orçamental no estado de emergência social como o que vivemos, para além de ser ética e politicamente errado, acentuará a atual crise, atrasará a recuperação económica e aprofundará certamente as desigualdades sociais e económicas, abrindo caminho a populismos fáceis. Para o Bloco de Esquerda esse não é o caminho a seguir e tudo fará para estar com aqueles que mais precisam de apoio.