As Espécies Invasoras e a Mata da Machada
No passado sábado, dia 5 de Maio, participei, com a JP Barreiro e a JP Nacional, numa acção de limpeza de espécies invasoras, na Mata Nacional da Machada, no âmbito da campanha Semear Portugal, da Juventude Popular em parceria com a Quercus. Na Mata da Machada existem várias espécies consideradas invasoras, com especial destaque para as acácias.
A acácia é uma árvore de origem australiana que produz milhões de sementes por hectare (10 000 m2) e que se mantêm viáveis durantes várias décadas. É também uma árvore que beneficia muito com os fogos florestais pois a germinação das suas sementes é estimulada pelo calor e, havendo fogos, a sua germinação ocorre mais depressa. Acresce a isso o facto do material que é criado pela acácia é combustível e altamente inflamável, favorecendo os incêndios. Tudo isso origina um ciclo vicioso, quanto mais sementes germinam, mais acácias crescem, mais “lixo” fazem, mais preponderância a incêndios haverá, mais sementes germinam e assim sucessivamente, causando um grave desequilíbrio no ecossistema e colocando em causa a sobrevivência das espécies locais.
Esta árvore está presente de norte a sul do país, em várias reservas naturais (sendo o Parque Nacional Peneda-Gerês a reserva mais ameaçada), e, aqui no distrito de Setúbal, outro local onde a sua presença é significativa é a zona das praias da Costa da Caparica, onde as acácias dominam quase por completo.
Todos podem contribuir para combater este flagelo que põe em causa a nossa Mata. Através do Centro de Educação Ambiental, qualquer pessoa pode adoptar um talhão, ficando responsável pela sua regular limpeza, podendo, ao mesmo tempo, desfrutar de um bom momento na natureza com a família ou amigos.
Infelizmente em Portugal, a atenção que se dá ao ambiente ainda é muito reduzida. A comunicação social (especialmente a mais mainstream) apenas fala deste tipo de problemas à população com a frequência e/ou com atenção que merece quando os incêndios florestais ou as espécies invasoras já destruíram o ecossistema. De acordo com a Quercus, o investimento do Estado no combate e controlo às espécies invasoras ainda é muito curto, estando dependentes de trabalho voluntário ou apoio de outro tipo de instituições.
Ainda há muito a fazer pelo nosso ambiente. Arregacemos as mangas!
Carlos Aguiar
Secretário da JP Barreiro.