Queridos irmãos, em primeiro lugar é uma honra poder dirigir-me a todos vós, Pelas contas que andam aí, somos ainda mais de 8 milhões. Na passada semana fomos confrontados com uma das mais belas notícias que podíamos ter: a vinda do Santo Padre para presidir à cerimónia dos 100 anos das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, o que deve ser motivo de alegria e júbilo para todos.
Contudo, é preciso ter em conta que 2017 não marcará apenas o centenário das aparições, mas também os 10 anos da entrada em vigor da lei do aborto. Depois desta, muitas outras leis injustas, imorais e indignas continuariam a ser aprovadas até aos dias de hoje. Para termos uma ideia, estima-se que em Portugal desde a aprovação da lei mais de 150 mil inocentes não tenham tido o simples direito à vida e que no mundo inteiro por ano morram mais de 50 milhões de pessoas! Como chegámos até aqui? Entre muitas outras coisas penso que andámos todos adormecidos, durante demasiado tempo.
Porém, acredito que estamos perante uma enorme oportunidade de reverter, revogar e derrubar estas leis, provavelmente a maior dos últimos 10 anos. 2017 conjugará factores que me levam a crer profundamente na possibilidade real que temos de “a luta pela Vida e da Família” finalmente triunfarem em Portugal! É uma inevitabilidade! A vinda do Santo Padre a Portugal, o centenário das aparições entre muitas outras evidências criam condições político-sociais absolutamente únicas e extraordinárias para derrubar o marxismo cultural que entra de uma forma silenciosa mas a todo gás Europa adentro. Desperdiçar esta oportunidade única poderá ser fatal, tendo consciência que em Maio de 2017 o Mundo inteiro vai estar de olhos postos em Fátima.
Na mente tenho as palavras da irmã Lúcia, “se Portugal não aprovar o aborto, está salvo; mas se o aprovar, terá muito que sofrer. Pelo pecado da pessoa, paga a pessoa que dele é responsável; mas pelo pecado da Nação, paga todo o Povo. Porque os Governantes que promulgam as leis iníquas, fazem-no em nome do Povo que os elegeu.” Não tenho dúvidas de que as nações que aprovaram o aborto terão de fazer cada uma o seu acto de contrição e que não será fácil, pois, deixámos morrer muitos inocentes, mas mantenho-me firme na ideia de que não é tarde, muito longe disso!
Mas se em nada ligarmos às palavras da Irmã Lúcia sou obrigado a perguntar, com que cara no dia 13 de Maio vamos a Fátima receber o Santo Padre? Se não são os Cristãos a defenderem a Vida como um Bem Maior, quem será?
Teremos força para lutar contra esta doutrina do mal que se propaga? Na semana em que celebramos 873 anos da fundação da nossa nação, erguida sobre os nobres valores Cristãos e pela coragem de grandes, valorosos e valentes Portugueses que se bateram pela nossa Pátria, diria que sim. Mais tarde Nossa Senhora afirmaria aos pastorinhos que sim dizendo, “Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé”.
Resta saber como de facto pôr isto em prática e fazer da luta pela Vida uma prioridade. Esta talvez seja a parte difícil. Estou levado a crer que cada vez mais a pergunta chave para a resposta decisiva será: fizemos tudo enquanto sociedade para garantir e salvar a vida de todos os inocentes que morreram? Ou seja, fizemos o humanamente possível e impossível? Vejo-me muitas vezes tentado pelo ímpeto, de julgar as pessoas que recorrem diariamente à IVG, por esse pecado sei que terei de responder mais tarde, mas também sei que não será com as armas do Demónio que derrotaremos o aborto. Será com amor, perdão e compaixão. Por isso e por tudo temos de ser nós os primeiros a pedir perdão a Deus, perdão por termos deixado passar estas leis! Temos de apelar aos políticos Cristãos que coloquem na sua agenda estes temas.
Por último alegrai-vos, a luta que nos espera é enorme, mas é das mais belas que podemos ter na vida, sintamo-nos honrados pelos tempos em que vivemos e pela possibilidade de fazermos a diferença. A esperança tem de estar mais presente que nunca e o desafio de ser Cristão no mundo de hoje e especialmente aos olhos do mundo de hoje é uma loucura, quase a tocar o escândalo. Mas que grande loucura e que belo escândalo.
Despeço-me de vós com uma frase de G. K. Chesterton que só há muito pouco tempo tomei conhecimento, mas que considero ser absolutamente genial e inspiradora, “Jesus prometeu três coisas aos seus discípulos: que não teriam medo de nada, seriam absurdamente felizes e estariam metidos constantemente em sarilhos.”
Abraço em Cristo, José Maria Matias