Está de volta a, verdadeira, festa do povo: o Futebol Distrital!
Já se joga a Taça da Associação Futebol de Setúbal que serve, atualmente, de aperitivo para a longa época que aí vem. Este período serve, sobretudo, para os treinadores fazerem os primeiros testes, analisarem os novos reforços adquiridos no último defeso e ensaiarem novos esquemas de jogo pensados durante as férias desportivas. Por norma, todos os intervenientes desta festa do povo, mas sobretudo os treinadores acreditam, nesta altura, que com pequenos ajustes, o grupo que estão a construir dá garantias de que a equipa realizará uma época melhor que a passada, de acordo com os objetivos que cada clube se propõe a atingir.
Na primeira divisão distrital, tudo leva a crer que seja um grande campeonato e, claramente, mais competitivo do que o da época passada. Se à partida, podemos dizer que todos são candidatos à subida, e porventura, à descida, a verdade é que em ambos os casos, uns são mais candidatos do que os outros.
Acredito, seriamente, que há um grupo de quatro equipas – quer pelos seus orçamentos, condições de trabalho e os plantéis que constituíram – que irá lutar, até ao último fôlego pelo lugar mais alto do pódio: o Barreirense, pela sua história e pela larga experiência, nomeadamente em campeonatos nacionais, da maioria dos jogadores que compõem o seu plantel é um candidato natural, seria, inclusivamente, demasiado estranho que não o fosse; o Amora, por ter mantido, praticamente, a equipa da época passada e, ainda, ter-se reforçado em todos os setores; o Alcochetense, não só pelo seu plantel mas pela sua história e, por fim, o União de Santiago, que este ano investiu fortemente no plantel contratando jogadores, cuja qualidade é inquestionável.
Depois, tal como no ciclismo, haverá um grande pelotão que será, provavelmente, liderado pelo Grandolense e o Alfarim, que podem, inclusivamente, interferir-se na luta pela subida.
Neste pelotão estão também outras equipas que irão lutar por fazer um bom campeonato, marcado pela tranquilidade, uma vez que nenhuma quer passar as jornadas com o carro de vassoura no ângulo de visão.
Destaco também o regresso do histórico Montijo à 1ª Divisão Distrital; a estreia do Charneca da Caparica neste campeonato, que já participou na primeira divisão distrital mas com o nome de “Os Canários”; o regresso do Palmelense ao velhinho Cornélio Palma, que será o único campo pelado deste campeonato, o que não deixa de me provocar alguma estranheza, uma vez que a cidade de Palmela tem um campo municipal com relva natural que podia, e deveria, continuar a ser utilizado pelo Palmelense.
E, ainda, a equipa do Banheirense, a única que não tem campo próprio e que treina e joga no Campo Municipal do Vale da Amoreira, e que, à semelhança de um caracol, carrega todos os treinos a casa (entenda-se, material logístico), literalmente, às costas, o que faz com que cada treino seja uma efetiva odisseia. Todavia, conhecendo eu a mentalidade das pessoas da Baixa da Banheira, acredito que este fator não vai deitá-los abaixo e será, certamente, mais um fator de motivação.
Na segunda divisão distrital, depois de muita espera e de terem sido levantadas muitas dúvidas sobre o número das equipas que iam participar, tal como acontece anualmente, e em que moldes iria ser disputado, finalmente já há informações concretas. Contudo, a verdade é que esta nuvem de dúvidas só dificulta ainda mais a vida aos dirigentes e treinadores das equipas que militam na 2ª divisão distrital que cada vez têm menos argumentos para convencer um jogador a integrar o plantel.
Este ano é de saudar o regresso do Alcacerense e não posso deixar de dar uma palavra de apresso para as pessoas do Grupo Desportivo das Lagameças que mais uma vez e com grande esforço voltam a conseguir participar no campeonato. Lamento a extinção do futebol no Faralhão, mas infelizmente temo que outros seguirão esse caminho.
Apesar de todos os entraves, será um campeonato com ilustres equipas, das quais cinco já passaram por campeonatos nacionais, algumas durante muitos anos e apenas duas nunca estiveram na 1ª divisão distrital: o ADQC e o Santo André.
A luta pelo primeiro lugar do pódio será, para mim, disputada a três, entre o ADQC, os Pescadores e o Vasco da Gama.
Relativamente ao campeonato das equipas de arbitragem, desejo que seja marcado pela competição saudável e que no fim subam os melhores, apesar de, atualmente, face ao novo regulamento não basta ser o melhor para subir, tem de não ultrapassar determinada idade, o que complica ainda mais as contas e a fiabilidade da distinção.
Termino desejando uma boa época desportiva a todas as equipas, pois todas, sem exceção, fazem parte da festa do futebol, que não existam lesões graves e que os castigos sejam poucos, uma vez que as multas são muito caras. Acima de tudo, acredito que a competição deve ser marcada pelo bom senso de todos os intervenientes, uma vez que muitos dos jogadores, técnicos e dirigentes para além de não receberem nada, ainda pagam para andar no futebol.
Amândio Jesus
Diretor Desportivo