A estação Ferroviária Sul e Sueste, bem conhecida e motivo de orgulho dos nossos Barreirenses, está ao abandono desde 2008. Recentemente a sua homónima em Lisboa foi sujeita a trabalhos de reabilitação extraordinários, enquanto a do Barreiro foi, à imagem do nosso Concelho deixada ao esquecimento e à indiferença.

Projetada pelo engenheiro Miguel Pais (1884), conjuga as estéticas Romântica, patente na decoração marítima e vegetalista da fechada poente, em estilo neo-manuelino, e industrial, aparente nos materiais e na forma funcional como a fachada Sul se encontra estruturada. A sua localização a 20 minutos de Lisboa, e todos os argumentos históricos e arquitectónicos, fazem com que tenha uma potencial de utilização, que qualquer outro país Europeu, faria desta, uma prioridade fundamental para a estratégia Económica, Cultural e Histórica de um concelho como Barreiro. Esta poderá funcionar como um elemento singular de ligação à capital do país, incluindo o Barreiro na rota turística da AML.

Este monumento foi desde 2008 colocado ao abandono pelas entidades competentes, apenas em 2018 surgiram propostas de reabilitação e de utilização por privados, mas que a Câmara Municipal do Barreiro insiste em dizer que estão sobre apreciação e que o covid veio atrasar essas decisões. Nunca em tempos, se pensaria que uma pandemia podia ser tão utilizada como aproveitamento político para explicar incompetência e falta de interesse pelo povo que representam. Os governos devem ser os maiores elementos congregadores, facilitadores e auxiliares para projetos que sejam de elevado potencial estratégico para o conselho. O elevado nível de burocracias, procedimentos e pagamentos camarários é um dos maiores obstáculos à produtividade nacional e deve ser profundamente repensada pelos nossos dirigentes. Os processos para aprovação nas câmaras são completamente morosos, inadequados e indignos para aqueles que querem investir na nossa economia e criar postos de trabalho.

As utilizações deste espaço podem ser inúmeras, bastando até olhar para o outro lado do rio, tendo como referência o “Time Out Market de Lisboa”, que conjuga cultura gastronómica e história, que a qualquer hora ou dia de semana está completamente lotado de turistas. Tem também potencial para um Hostel, zona de restaurantes, espaços noturnos, museus do comboio ou da ferrovia, ou até uma junção de alguns anteriores.

Este edifício, caso bem pensado e executado, pode constituir um início de virar de página naquela que tem sido a falta de estratégia económica desde 1974 que tem assolado o Barreiro, que resulta apenas num local atrativo para indústrias indesejadas noutras regiões, que pouco ou nenhum valor acrescentado trazem ao concelho. A passividade do execu9vo da Câmara Municipal do Barreiro assusta-nos, porque esquecermos a história é esquecermos as nossas raízes, e esquecer as nossas raízes é esquecer quem somos. É mais do que aparenta ser. Chega!

Por António Lagartixo (Candidato à Câmara Municipal do Barreiro pelo Partido Chega).