Estará o nosso país a combater este fenómeno? E nós, estaremos também a combater este tipo de criminalidade muito sensacionalista na nossa esfera? Pois olhando para os dados de 2019, da transparência do chamado índice de percepção da corrupção, Portugal ocupa a 30ª posição do ranking, levando a uma estagnação na tabela nos últimos sete anos. Isto significa que o nosso país não tem estado preocupado em analisar e discutir a corrupção, bem como não está realmente a reformar as instituições de forma a precaver e atacar a corrupção. 

Infelizmente nos últimos anos Portugal tem tido vários casos mediáticos de corrupção ativa, começando nos setores financeiros e terminando em altos cargos públicos. Desde que a corrupção passou de ser uma prática normal e generalizada (ou normal porque generalizada) que os cidadãos felizmente têm denunciado tais práticas aos serviços do ministério público ou às autoridades. É sensato pensar que a denúncia é mais eficaz ao ser feita numa fase inicial, pois ajudará a que atuação contra os prevaricadores seja rápida e incisiva. É preciso então cultivar mais o exercício da denúncia entre a sociedade, começando pelos mais jovens e terminando nas próprias instituições públicas ou privadas. Para além deste ensinamento na cultura cívica de cada cidadão, haverá que proteger quem faz as denúncias, pois na sociedade tal é ainda caracterizado como se de um “bufo” ou um “chibo” se tratasse, para não esquecer as práticas contra a vida dos denunciantes.

Não podemos esquecer que a peça inicial deste puzzle é sempre do denunciante, mas as restantes terão de ser investigadas e montadas pelas autoridades competentes. Para isso é preciso dotar a Polícia Judiciária e o Ministério Publico de verbas e elementos suficientes para que as investigações sejam mais céleres, levando a que os próprios julgamentos sejam rápidos, impedindo assim que haja factos e crimes que prescrevam ou a própria fuga dos criminosos. É preciso então defender em Orçamento de Estado todos os meios necessários para que estas instituições funcionem em pleno e com todos os meios disponíveis.

Assim temos de encarar este fenómeno com preocupação e cautela. Este tipo de crime só enfraquece a nossa sociedade e viabiliza práticas nocivas que levam a tensões sociais e ao facilitismo comprometendo o nosso desenvolvimento económico e social. Planos foram criados, mas sem o exercício por parte de cada um de nós, o combate à corrupção não passará de uma limpeza superficial ao real problema.  

Vasco Pinto Nunes

Juventude Popular Distrital de Setúbal