As alterações climáticas são o maior desafio que teremos de enfrentar na próxima década, como podemos observar nas recentes – e cada vez mais frequentes – catástrofes ocorridas um pouco por todo o mundo.
Desde ondas de calor que originam incêndios de enormes proporções, fenómenos de seca extrema alternados com cheias que arrasam a biodiversidade e destroem o sustento de comunidades inteiras, passando pela banalização de tempestades e tufões, até à depreciação da qualidade do ar em várias regiões do Planeta, não faltam exemplos de consequências dos exageros da nossa espécie na exploração dos recursos da Terra.
Estranhamente, quanto mais nos confrontamos com a devassa do nosso equilíbrio natural, mais a relação da Humanidade com a natureza se degrada. Neste contexto, quem se propõem a assumir os destinos da comunidade, deve ser convocado a desenhar e aplicar políticas públicas de desenvolvimento que invertam um caminho que nos conduz a um beco sem saída.
Os últimos 50 anos foram profícuos no que respeita à definição de agendas, realização de cimeiras, assinatura protocolos ou dos diversos certames científicos relacionados com temáticas ambientais. Se por um lado, ninguém teria coragem de questionar as conclusões da “Declaração do Rio” ou da “Agenda XXI”, a tão famosa assinatura do Protocolo de Quioto em 1997, a Conferência Rio+20 sobre o Desenvolvimento Sustentável e, mais recentemente, a marcante Cimeira do Clima de Paris em 2015 (COP 21), a verdade é que no sentido de se efetuar um esforço real para tentar conter a subida da temperatura do planeta é necessário colocar as ações à frente das palavras.
Se neste contexto Portugal assumiu a dianteira de atingir a neutralidade carbónica até 2050, gizada pelo RNC2050, e a Lei do Clima, aprovada por iniciativa do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, a verdade é que as autarquias locais têm um papel tremendo a desempenhar.
No Barreiro, e fazendo uma análise da implementação de políticas com impacto ambiental, podemos verificar que nos últimos anos tem existido uma estratégia de tornar o concelho mais harmonioso com o ambiente.
A este propósito vale a pena recordar que o caminho já se iniciou e que seguimos em bom ritmo. A transição da frota dos Transportes Coletivos do Barreiro (TCB) de viaturas movidas a diesel para sessenta veículos a gás natural; a substituição de cerca de 12 mil luminárias para tecnologia LED; a construção de dezenas de soluções rodoviárias que suprimiram semaforização e reduziram a emissão de Gases com efeito de Estufa (GEE) em mais de 640 ton/ano; bem como a arborização do Município, no respeito pela plantação de espécies ajustadas à Carta Ecológica Municipal, são conquistas de especial relevo.
A zona do Polis, que após dez anos de estagnação se traduziu numa nova zona de espaços verdes de usufruto da nossa zona ribeirinha, a requalificação dos antigos terrenos do Gaio, onde se construiu uma avenida marginal, com a preocupação de conjugar as necessidades de estacionamento com espaços verdes e de fruição para a população na sua envolvente, também merecem referência.
No contexto das ações já realizadas, recordemos ainda o novo “corredor verde” que veio ligar a praça do Moinho Pequeno ao parque Catarina Eufémia, a recente assinatura por do acordo “Cidade Verde” e o Projeto de Requalificação da Caldeira Grande, escolhido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), com distinção, para beneficiar de um apoio de 2.000.000 de euros a fundo perdido.
Este é o porquê de o Barreiro constar do relatório apresentado pela Carbon DisclousureProject no ano de 2021, onde surgimos como um dos vinte cinco concelhos em Portugal no que concerne ao planeamento e aplicação de boas práticas na adaptação às alterações climáticas.
Mas para além da atividade do Homem, salientemos a riqueza ambiental natural do Barreiro. Contamos com dois ex-libris naturais únicos, o sapal do Rio Coina – devidamente enquadrado na estratégia do Corredor Ambiental do Rio Coina à Serra da Arrábida e a Mata Nacional da Machada, pulmão do concelho, fundamental na estratégia de qualquer plano de ação para o território, nas suas diferentes valências: ambiental, social, económica, educacional, desportiva, cultural e de proteção civil, e que deverá ser uma das portas de entrada no Barreiro e também uma zona de redobrada visitação dos barreirenses. Temos obrigação de continuar a criar condições para dinamizar e aproximar os munícipes das nossas riquezas ambientais.
Importa ainda falar dos recursos hídricos que, quer pela sua potencial escassez e importância vital, nos obrigam a uma maior responsabilidade na sua gestão. A água é um bem escasso que, felizmente, existe no solo Barreirense com elevada qualidade. Nesta temática, tenho de me juntar a todos quantos enaltecem o trabalho efetuado pelo Vereador João Pintassilgo que, nos últimos quatro anos, desenvolveu um valoroso trabalho no combate às afluências indevidas, traduzido no devido encaminhamento dos esgotos que desaguavam no Tejo para as ETARs e, por sua vez, encaminhando as águas pluviais para o ciclo do Tejo e do Coina, melhorando a qualidade dos nossos ecossistemas.
O investimento na poupança da água é também uma nota deste mandato – como são exemplos a candidatura ao “Cada Gota Conta”, programa de combate a perdas de água no Concelho ou a utilização de águas recirculadas em procedimentos de lavagem – uma marca da nossa estratégia para uma gestão eficiente deste recurso.
O combate às alterações climáticas dependerá do inteligente aproveitamento das oportunidades que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) proporcionará. Os próximos quatro anos serão fundamentais para, com uma equipa que já demonstrou capacidade de concretizar, melhorar a qualidade de vida dos barreirenses, sendo que será necessário manter os enormes investimentos e eficazes estratégias para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas, por um Barreiro com maior qualidade de vida, numa sociedade sustentável para as suas gentes.
Rui Pedro Pereira,
Candidato do Partido Socialista à Vereação da CM Barreiro