Sabe quando ocorreu a última Assembleia Municipal, e o que lá foi discutido? Queria saber o que disseram os membros da Junta, sobre o problema em frente à sua casa, mas não conseguiu comparecer para assistir a reunião pública? Temos pena.
Apesar de ouvirmos ou lermos muitas vezes declarações dos partidos, em que estes expressam preocupação com a crescente abstenção em Portugal, muitas vezes nem a nível local se fazem os mínimos. Em Setúbal é assim.
Um dos aspectos mais belos da democracia é a possibilidade que dá aos cidadãos de se expressarem junto de quem os governa, participando desse modo na governação. Sabemos que o Partido Comunista Português tem uma opinião muito crítica acerca da democracia. O secretário-geral do partido chegou mesmo a questionar sobre o que significava o conceito… Não é muito fã, digamos, mas é o que temos, para felicidade de uns e para infelicidade de outros.
Aqui em democracia, quem não tem hipótese de se deslocar aos locais onde decorrem as Assembleias Municipais ou de Junta, deve poder inteirar-se do que foi debatido. Havendo atualmente meios para assistir em direto ou em diferido, deve poder fazê-lo. Nunca é demais potenciar uma opinião pública vigorosa e informada, nem uma governação transparente. Numa democracia, claro.
A divulgação atempada com informação sobre o que vai ser discutido, e a transmissão online das Assembleias e reuniões públicas, é imprescindível na época em que vivemos.
Uma autarquia que utiliza tão bem as valências das redes sociais para propagandear eventos de entretenimento e obra feita, também consegue com certeza vocacionar essas mesmas valências para se sujeitar ao escrutínio natural dos cidadãos.
A proposta já foi em tempos apresentada em Assembleia Municipal, mas foi chumbada pela maioria CDU. Temem que se fomente a “participaçao passiva” dos cidadãos, dizem, mas quem tem de escolher se quer fazer uma “participação passiva” ou “ativa”, são mesmo as pessoas, e não a CDU. É natural que não sendo adeptos de democracias, não encaixem muito bem isto de os cidadãos fazerem escolhas. Mas é verdade, nós podemos mesmo fazê-las.
Além disso, o argumento não é coerente – o PCP não tem problemas em ter “militantes passivos”, visto que já beneficiou por inúmeras vezes, da possibilidade de transmitir em direto, via internet, eventos públicos das suas dinâmicas partidárias.
Assim sendo, se preferem governar cidadãos desinformados, assumam-no de vez, porque enquanto houver um setubalense que seja porque motivo for, não pode estar presente, mas quer saber o que se passa e lhe é negada essa possibilidade pela CDU, não podem falar em preocupações sobre o distanciamento dos cidadãos para com a política.
João Conde
Juventude Popular de Setúbal