O CDS-PP parte para estas eleições com a ambição de eleger dois deputados pelo distrito de Setúbal. Nuno Magalhães, cabeça-de-lista do partido às próximas legislativas e actual secretário de Estado da Administração Interna, acredita que o trabalho feito pelos populares no Governo é um trunfo junto dos indecisos.

Distritonline –O CDS vai conseguir eleger o segundo deputado?
Nuno Magalhães – Vamos lutar por esse objectivo.

Distritonline – Não será difícil atingir esse resultado num distrito maioritariamente de esquerda?
Nuno Magalhães – Esta é uma região onde tem havido um número elevado de abstenção. É para estas pessoas, e também para as outras, que o CDS tem um discurso muito claro.

Distritonline – E qual o teor desse discurso?
Nuno Magalhães – Quem durante muito tempo se absteve com o argumento de não acreditar nos políticos, tem no CDS um exemplo de quem se comprometeu e cumpre.
O CDS em 2002 pediu uma oportunidade aos portugueses de poder vir a ser governo, isso foi-nos dado. O CDS durante o tempo em que fez parte do governo foi exemplo da estabilidade, da dedicação, da competência e da segurança.

Distritonline – Esse é um exemplo daquilo que o CDS pode fazer pelo País?
Nuno Magalhães – Com certeza. Defender aquilo que é nosso. Defender Portugal e os portugueses, os nossos valores, as nossas tradições e, sobretudo, aqueles que mais precisam. Isto pode permitir que a mensagem do CDS chegue aos setubalenses que normalmente se abstêm.

Distritonline – Acredita que os portugueses irão dar 10 por cento dos votos ao CDS?
Nuno Magalhães – Os portugueses devem dar o seu voto a quem entenderem. Agora, o que o CDS vai fazer é uma campanha pela positiva.
Apresentar aquilo que fez, como um dever democrático, a quem votou em nós e a quem não votou. Pela primeira vez em democracia apresentamos quem são as caras do partido para as diferentes áreas, se formos chamados a formar governo. Este é um exemplo de transparência.

Distritonline – O trabalho feito até agora vai merecer a confiança dos portugueses?
Nuno Magalhães – Tenho esperança que sim, mas isso só os portugueses e os setubalenses podem julgar.

“É fundamental para o País que o CDS tenha mais votos que a CDU e o BE”

Distritonline – Caso o PS vença, o CDS é a força política que poderá impedir a maioria absoluta?
Nuno Magalhães – Estudos eleitorais e de aritmética assim o determinam. Se o CDS tiver 10 por cento dos votos, há cinco distritos nos quais o CDS elegerá mais um deputado e o PS não elegerá. Esse é o caso de Setúbal.

Distritonline – E não poderá também tirar votos ao PSD?
Nuno Magalhães – Temos um acordo e um compromisso pré-eleitoral com o PSD, o qual iremos respeitar e cumprir escrupulosamente até ao fim. O nosso adversário é o PS e as forças radicais de esquerda: o Bloco de Esquerda, o PCP e a CDU.

Distritonline – O CDS poderá reforçar o lugar de terceira força política portuguesa?
Nuno Magalhães – É fundamental para o sistema democrático e para Portugal que o CDS tenha mais votos que dois partidos juntos: um que defende a saída de Portugal da NATO e outro que defende a saída da União Europeia. Estes são dois organismos a que Portugal pertence e que tem de continuar a pertencer, sob pena de ficar perfeitamente excluído a nível europeu e mundial.

Distritonline – Quais as medidas defendidas para os distrito?
Nuno Magalhães – A primeira preocupação é o combate à pobreza. Não só continuar a convergência entre as pensões mínimas com o salário mínimo, como o décimo terceiro mês no caso do abono de família, mas também com medidas que permitam uma ajuda mais próxima, sobretudo aos idosos.
O maior aumento de pensões, a nível da Segurança Social, estava previsto no âmbito de ministro indicado pelo CDS, Bagão Félix, a convergência das pensões mínimas com o salário mínimo nacional que iria ter as suas pensões mais elevadas durante o ano de 2005 e 2006. Espero que os portugueses nos dêem oportunidade de continuar este projecto que é fundamental no distrito e nesta luta contra a pobreza dos mais idosos.

Distritonline – E ao nível da economia?
Nuno Magalhães - Temos imenso orgulho o sector da indústria automóvel, é um investimento fundamental para o distrito. Mas para além disso, é importante apostar na diversificação do tipo de investimento externo que existe. Não ficar apenas dependente de uma indústria, mas procurar diversificar noutros sectores da vida económica, nomeadamente promovendo produtos regionais internacionalmente.

Distritonline – Neste âmbito insere-se o turismo?
Nuno Magalhães – Não só um turismo de qualidade ambiental, cultural, mas também um turismo de massas. Esta é uma área que cria postos de trabalho fixos.

Distritonline – A co-incineração iria prejudicar este sector?
Nuno Magalhães - Certamente. O turismo baseia-se no ambiente de qualidade e na segurança. Foi um ministro do CDS que arranjou uma solução que põe a co-incineração de parte, através dos Centros Integrados de Tratamento de Resíduos Industriais Perigosos.

“Vamos fazer uma campanha positiva e sem ataques pessoais”

Distritonline – O distrito de Setúbal ainda é visto como sendo um distrito com alguma insegurança.
Nuno Magalhães – São ainda necessário mais e melhores meios para as forças de segurança, sobretudo reformulando e reestruturando as instalações já existentes. É importante que aquelas que existem tenham dignidade, tal como tem vindo a acontecer em vários pontos do distrito.
É também preciso apostar numa política de família, sobretudo nos bairros mais complicados. É preciso ter uma política de educação, de combate ao abandono escolar, retirar os jovens de uma situação de pré-marginalidade, criando programas de reinserção social.

Distritonline – A imigração é também uma das preocupações do CDS.
Nuno Magalhães – É necessário perceber que a única forma de termos uma integração condigna dos imigrantes em Setúbal, como no resto do País, é sermos rigorosos nas entradas para que possamos proporcionar emprego a essas pessoas. É o que temos feito. Outros meios foram criados para facilitar a integração, como o novo cartão de residente, que abrange 28 mil imigrantes no distrito, que vem reforçar a sua identificação, havendo uma maior simplificação de burocracia, mas também através dos Centros de Apoio ao Imigrante.
No futuro importa não cometer os erros que o PS fez durante dois anos, em que a única preocupação foi a entrada, que permitiu duplicar a população imigrante de 2000 para 2002.

Distritonline – Um dos documentos da sua autoria e que tem merecido vários elogios, nomeadamente do presidente do partido, é o actual Plano Nacional de Prevenção Rodoviária.
Nuno Magalhães - Em dois anos conseguiu-se uma redução de 20 por cento na sinistralidade rodoviária, num esforço que tem vindo a ser feito num distrito que é de passagem para o Algarve.

Distritonline – Como vai ser a campanha do CDS?
Nuno Magalhães – Combativa, ambiciosa, viva, alegre, mas respeitadora, com sentido de estado e das responsabilidades. Uma campanha feita pela positiva, sem ataques pessoais, defendendo as nossas propostas, referindo o que foi feito, mostrando as nossas caras. Acredito com trabalho e humildade, com esta esperança que queremos dar às pessoas do distrito, iremos conseguir um bom resultado.

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