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Tenho a felicidade de estar na lista de endereços de muita gente. Esse facto permite-me lembrar factos e acontecimentos que, por vezes, devido ao rodopiar dos dias e das tarefas, me passariam mais desapercebidos. Quando há pouco abri o correio electrónico vejo na correspondência enviada pelo “ArtBarreiro” o título “Fotos do jantar comemorativo do dia da cidade”. Como tinha assistido na Assembleia Municipal a uma discussão sobre o assunto que, por vezes, até foi acalorada, pensei para comigo: ora deixa cá ver como reagiram os trabalhadores ao convite.

Quem assistiu à AM sabe que o Bloco de Esquerda apoiou a iniciativa pois poderia ser um princípio de uma nova forma de gestão de recursos humanos na autarquia. Pelo menos seria uma forma diferente de o executivo reconhecer o papel dos trabalhadores nas actividades municipais e o seu contributo para as coisas boas que se fazem na cidade. O Presidente da Câmara veio afirmar que não seria o início de uma nova gestão de recursos humanos, mas que corresponde a um “conceito de parceria, de colaboração, de partilha, um conceito que a opinião de todos e de cada um é importante”. Era grande a minha expectativa…

Espanto meu quando abri o site Artbarreiro e vejo uma fotografia com os “figurões municipais” todos na mesma mesa. Disse de mim para mim: Se cada um estivesse em sua mesa, não ouviriam mais opiniões de trabalhadores? Não era uma boa ocasião de as línguas se soltarem e dizerem algumas opiniões que no formalismo do trabalho não saem? E não seria também uma boa forma de ouvir os trabalhadores fora da filtragem das chefias?

Mas como não gosto de me ficar por um único retrato fui abrir o site do Rostos. A foto, pelo menos tinha uma versão mais popular, mais estilo casamento, quando o noivo deixando a mesa onde está com os padrinhos, vai distribuir os charutos… Mas o discurso deixou-me desapontado porque, infelizmente Carlos Humberto não deixou o discurso persecutório que por vezes o PCP nos quer fazer crer que deixou. Fazer afirmações contra “aqueles que” sem os nomear, num jantar com estas características, é atear sectarismos, é não saber utilizar a inteligência emocional na gestão de uma organização que é de todos.

Quem sabe da tenda é o tendeiro e é ao executivo que cabe fazer a gestão de recursos humanos. Mas, sinceramente, como barreirense, agradava-me que existisse maior coerência entre os princípios apregoados pelo Presidente da Câmara e a prática das pequenas coisas do dia a dia. Mas temo que estas manifestações de apreço pelos trabalhadores não passem de fogachos e, sinceramente não me agradava nada.

De qualquer modo, mesmo que não tivesse mais qualquer mérito, esta iniciativa tinha de ser totalmente acarinhada pois, numa altura em que os trabalhadores da função pública são atacados de forma rasteira pelo governo, o simples facto de existir este gesto de reconhecimento por parte do executivo é, só por si, um facto político relevante. E, de facto, em política são as questões relevantes que ficam. Por isso, esta iniciativa deve merecer o apoio de todos os que não aceitam a política de destruição dos serviços públicos e de menosprezo dos trabalhadores da função pública.

* Concelhia do Barreiro do BE
mariodurval@sapo.pt


 
Mário Durval
2006-07-03
   

  

  
   
 

COMENTÁRIOS

Florbela Alves Pereira
A realidade emocional

Na maior parte dos casos, quando se quer desenvolver um novo estilo de liderança, terá de se ter em conta a forma como se processam as relações com os outros.
Grande parte dos esforços efectuados nesse sentido, fica aquém das necessidades, não só pelo que é, mas também pelo que não é feito.
As intenções foram boas, mas deviam centrar-se nas pessoas primeiro e na estratégia depois.
Contudo, é de louvar o esforço e há que apoiar a iniciativa.
Em Portugal ainda é cedo para as organizações se distinguirem pela arte do relacionamento, tão necessária à sua sobrevivência. Há uma longa estrada a percorrer nesse sentido, mas acredito que o Presidente da Câmara do Barreiro, se encontra no bom caminho.
E que se saiba, nunca qualquer outro executivo tinha comemorado o dia da cidade, convidando os trabalhadores para um jantar.
Por isso, Carlos Humberto demonstrou que tem muito daquele líder que se pretende emocionalmente inteligente.
É tudo uma questão de tempo e de aprendizagem dos novos conceitos de gestão de recursos humanos.


2006-07-03


 

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