Francisco Lopes, cabeça-de-lista da CDU pelo distrito de Setúbal, afirma que o voto nesta força política contribui para derrotar o PSD e o CDS, impedir uma maioria absoluta dos socialistas e para dar força ao projecto defendido pelos comunistas para o distrito de Setúbal.
Distritonline - Como tem decorrido a campanha da CDU?
Francisco Lopes – Estamos a fazer uma acção de esclarecimento, de sensibilização, de apelo. Estamos a ver muita simpatia, mas ao mesmo tempo muito preocupação por parte das pessoas.
Esta campanha está a reforçar as nossas convicções da necessidade de aproveitar o dia 20 de Fevereiro com um voto na CDU para dar um sinal de protesto, relativamente às políticas de direita que têm sido praticadas e dar um sinal de esperança para um projecto de futuro, que é aquilo que defendemos para o distrito de Setúbal e para o País.
Distritonline – A convocação de eleições antecipadas veio de encontro aos objectivos do PCP?
Francisco Lopes – Exigimos praticamente desde o início da formação do Governo PSD/CDS que este fosse demitido e que houvesse eleições, porque entendíamos que o aprofundamento da política de direita não ia dar bom resultado para o nosso País, para o distrito, para a população e para os trabalhadores
Distritonline – Quais foram as políticas mais negativas deste Governo?
Francisco Lopes – Os problemas principais que temos no nosso País não resultam apenas deste desastre da governação do PSD e do CDS. Remontam a uma política de 28 anos, em que no Governo se têm sucedido PSD, PS, PSD/CDS, uns a seguir aos outros, sempre no mesmo caminho e que conduziram à situação actual: a destruição do aparelho produtivo, mais de 500 mil desempregados no País, 40 mil no distrito de Setúbal.
Distritonline – Mas o PSD afirma que a taxa de desemprego diminuiu no distrito.
Francisco Lopes – Os elementos que temos apontam no sentido contrário. Ao longo destes últimos dois anos e meio aumentou o desemprego.
É evidente que é sempre possível fazer, perto das eleições, umas limpezas nos cadernos do Centro de Emprego e depois vir fazer esses números de mágica. Mas isso não altera a realidade que as pessoas sentem.
“PCP e CDU são diferentes das outras forças políticas”
Distritonline – A criação de emprego e a defesa dos direitos dos trabalhadores continuam a ser a principal meta do PCP?
Francisco Lopes – É uma questão fundamental integrada no projecto de desenvolvimento económico, social e cultural, a que está ligado o desenvolvimento do aparelho produtivo, a aposta na indústria e na sua diversificação, no comércio, nos serviços, no turismo e na introdução de empresas com um perfil tecnológico mais elevado.
Distritonline – Como será feito esse desenvolvimento?
Francisco Lopes – Através de uma linha a partir do Estado, com incentivos e com promoção própria, que integra, posteriormente, o conjunto de iniciativas do sector privado e também do sector cooperativo e social.
Entendemos também que é fundamental uma aposta na justiça social, daí serem necessárias a actualização do salário mínimo nacional e das pensões da reforma, que estão muito degradas.
Distritonline – As acessibilidades também fazem parte desse projecto?
Francisco Lopes – É também muito importante avançar com a resolução de problemas que existem ao nível das acessibilidades e dos transportes. É preciso aproveitar as potencialidades que o distrito tem, pela sua situação geográfica, como plataforma logística e de interligação, quer no todo nacional, quer no estrangeiro.
Distritonline – A população está sensível às propostas do PCP?
Francisco Lopes – Penso que sim, porque correspondem a necessidades reais com que as pessoas estão confrontadas. As nossas propostas inserem-se não apenas na resposta aos problemas de hoje, mas também numa perspectiva de futuro.
Distritonline – São essas propostas que levam a que o voto na CDU seja útil?
Francisco Lopes – O voto na CDU é triplamente útil.
Primeiro, porque contribui para que o PSD e o CDS sejam derrotados no dia 20 de Fevereiro. Segundo, porque conta também para impedir uma maioria absoluta do PS, que a verificar-se significaria ficarem de mãos livres para continuar uma política que no essencial é a mesma e contém elementos preocupantes.
E em terceiro lugar para dar força às nossas propostas, ao nosso projecto, ao nosso trabalho e aos nossos valores.
O PCP e a CDU são forças diferentes não apenas por aquilo que propõem, não apenas pelo seu projecto, mas pelas provas dadas e pela forma de estar nos órgãos de poder em defesa da população e dos trabalhadores.
“Lutamos pelo quinto deputado”
Distritonline – A CDU poderá obter um bom resultado nestas legislativas?
Francisco Lopes – Estamos a trabalhar para isso e achamos que é de grande importância para o desenvolvimento do distrito.
Distritonline – Um resultado que eleja o quinto deputado por Setúbal?
Francisco Lopes – Lutamos para que isso aconteça. Eugénio Rosa, economista, é conhecido pelos seus estudos notáveis sobre a realidade sócio-económica do País e que em muito pode contribuir para reforçar a nossa capacidade de intervenção na Assembleia ao serviço do distrito de Setúbal, caso seja eleito.
No entanto, o nosso objectivo não está abalizado num número. Mais votos e mais deputados da CDU é o que o distrito de Setúbal precisa.
Distritonline – O PS é o maior adversário no distrito?
O maior adversário que temos é muitas vezes as pessoas não acreditarem na força do seu voto. O voto na CDU no dia 20 é o princípio de uma mudança a sério, que é necessária para País.
Distritonline – É possível uma coligação com o PS?
Francisco Lopes – O PCP está preparado para assumir todas as responsabilidades, desde que seja para fazer uma política que rompa com o desastre destes últimos anos e que abra um caminho de esperança, de desenvolvimento e de justiça social, quer para o distrito, quer para o País.
Foto: Distritonline