Já em tempos escrevi, sobre este grave problema de insegurança, que tem origem em jovens que vêm dos bairros sociais carenciados da Área Metropolitana de Lisboa, para praticarem roubos e destruição em grupos.
Esta situação é muito grave para a nossa vida, para a credibilidade do nosso país e também para o desenvolvimento de um turismo de qualidade e em segurança. Em princípio eram pequenos grupos, nos roubos dos comboios de Sintra já se falava em duzentos e na praia de Carcavelos as televisões falaram em mais de quinhentos jovens e se não nos preocuparmos colectivamente com a coesão social, a médio e longo prazo serão aos milhares. Tenho as minhas dúvidas se foram quinhentos os jovens que invadiram a praia de Carcavelos. A SIC Notícias noticiou que eram quinhentos. A comunicação social de toda a Europa e do Mundo noticiou que eram quinhentos, quem pode agora alterar este número? Quem teria contado os jovens e fornecido a informação à televisão?
O Ministro da Administração Interna vai enviar polícias suficientes para garantir a segurança nas praias da Linha. Estou totalmente de acordo. O Ministro António Costa é competente e tem uma grande capacidade de decisão. Só que este grave problema não é simples e não se resolve definitivamente com mais polícias, porque ao fim de alguns anos são precisos milhares de polícias e no limite uma percentagem de gastos, que acabam por ser incomportáveis para o Estado e para o bolso dos contribuintes.
O mal está feito, as famílias carenciadas foram instaladas em guetos e agora só com mais polícias se consegue a segurança dos cidadãos. Por agora e nos próximos tempos é de facto um problema de polícia.
Porém, é minha forte convicção que com uma estratégia a médio e longo prazo, com políticas de coesão social e integração ao nível da habitação, se consegue melhorar em muito o comportamento das futuras gerações de jovens.
Discordo em absoluto dos condomínios privados para os ricos e que os pobres sejam atirados para guetos nas periferias das cidades. O espaço da cidade é para ser ocupado por todos e o poder político tem obrigação de tudo fazer para que os cidadãos se distribuem pela cidade independentemente dos seus rendimentos. Já há muitos anos que penso assim e infelizmente o tempo tem vindo a dar-me razão.
O concelho de Montijo é o único da Área Metropolitana de Lisboa que tem políticas bem definidas em relação às políticas de integração social na habitação. Temos cerca de 500 habitações sociais e 600 de custos controlados integradas na cidade e não autorizamos condomínios privados.
Para que a estratégia tenha possibilidade de continuar no Montijo e para que outros concelhos sigam uma estratégia de integração social na habitação é necessário que o Governo legisle no sentido de que nos novos loteamentos sejam cedidos às Câmaras uma percentagem de fogos para habitação social.
*Presidente da Concelhia do Montijo do Partido Socialista