Portugal vive uma onda de protesto. Desde polícias, professores, magistrados, farmacêuticos, enfermeiros, passando pelos pequenos e médios empresários até aos hipermercados, protestam contra o que alguns chamam de embuste. O povo foi enganado.
O que eram promessas antes de dia 20 de Fevereiro, são agora palavras soltas e esquecidas, “metidas na gaveta”.
As trapalhadas do PSD, afinal, também são normais com o PS (veja-se o caso da ministra da Educação que pensa que os Açores não se regem pelas leis da República Portuguesa e do ministro das Finanças que se engana a fazer contas).
Tudo isto é mau demais para estar a acontecer. Direitos adquiridos ao longo de 200 anos de luta dos trabalhadores são agora considerados privilégios, como a idade da reforma e o valor da mesma.
Será justo trabalhar até aos 65 ou 68 anos, com 40 ou mais anos de serviço, para usufruir de uma reforma de miséria por mais meia dúzia de anos? O Partido Socialista pensa que sim. Será justo que os gestores públicos trabalhem meia dúzia de anos, auferindo salários na ordem dos 3000 contos ou mais, e tenham direito a uma reforma, em média, 60 vezes superior à de um trabalhador comum que precisa de trabalhar cerca de sete vezes mais tempo para se reformar? O Partido Socialista pensa que sim e convida os seus “boys” a terem mais regalias, como é o caso de Fernando Gomes que afirmou em tempos nada perceber de petróleo e da GALP e que hoje é gestor desta empresa, nomeado pelo moderno e “justo” engenheiro Sócrates. A isto o PS chama justiça social.
O aumento do IVA, o aumento do imposto sobre os combustíveis, a redução da comparticipação no custo dos medicamentos, são apenas mais umas achas para a fogueira. A par de tudo isto, a banca e os grandes grupos económicos apresentam lucros fabulosos e contribuem muito pouco para o desenvolvimento do país porque não pagam o que deviam de impostos, a evasão fiscal é enorme e os grandes empresários são parasitas que sugam o Estado em cada privatização que se faz.
A crise está a ser paga pelos que dependem de um salário, esvaziando-se os bolsos das classes desfavorecidas, ao passo que as classes mais favorecidas ganham muito dinheiro. É por isto que as pessoas protestam; foi por isto que, mais uma vez, no dia 28 de Junho, os trabalhadores se manifestaram.
Milhares de trabalhadores, por todo o país, dizem não a esta política, igual à seguida pelo PSD, de ataque aos trabalhadores, e lembram o Governo de que não foi isto que prometeram e o prometido é devido.
*Militante do Partido Comunista Português