Muito se tem escrito sobre a pressuposta similitude entre os diferentes programas eleitorais. À primeira vista e com um olhar pouco atento poderemos cair no erro dessa interpretação!
Mas, se quisermos ter uma opinião bem fundamentada teremos não só de os ler atentamente, mas também procurar acompanhar as diversas iniciativas de campanha desenvolvidas pelos diferentes partidos, e aí sim, teremos uma perspectiva do que os candidatos pensam verdadeiramente sobre aquilo que defendem, sobre o que verdadeiramente querem para o futuro do Barreiro e sobre as políticas que poderão prosseguir. Por isto não quero dizer que um programa é mais válido que outro, ou que um determinado partido será melhor para a chefia autárquica no Barreiro. Cada partido defende uma ideia que (pressupostamente) acredita ser a melhor, aquela que, para ele, poderá levar o Barreiro a bom porto.
E é essa diferença de programas, ou melhor, a diferença do programa e das ideias do BE, que quero expor aqui!
Sou jovem no Barreiro mas desejo e acredito que a situação desta terra pode melhorar, que os Barreirenses podem ter uma melhor qualidade de vida. E foi no projecto do BE que vi reunidas as condições para tal, e por isso me juntei a este grupo político.
A grande diferença entre o BE e os restantes partidos reside na forma como se encara o poder! Para o BE, estar no poder pelo poder é uma postura doentia e desonesta perante os eleitores, o poder não está ao serviço dos partidos nem os partidos ao serviço do poder. O poder e os partidos devem e têm que estar ao serviço das populações. Nós não queremos ganhar com promessas que não conseguimos cumprir, não queremos enganar as pessoas, pois para nós elas são o mais importante e a sua vontade está acima de tudo. São elas que devem participar na estruturação das políticas, devem dizer o que desejam ou o que não querem para o futuro de um território. Têm que ser obrigatoriamente ouvidas e a sua vontade perseguida e não a de um qualquer burocrata, construtor, comerciante ou industrial sem escrúpulos que só pensa na sua barriga em detrimento do bem-estar e das condições de vida da população. Trair a confiança que a população deposita nos eleitos é um fardo demasiado pesado que nós, BE, não queremos ou temos vontade de carregar.
Partilhamos da ideia, como os outros partidos, de que o espaço da Quimiparque tem que ser requalificado, mas não concordamos com o projecto que está reservado para aquela área. Não queremos mais cubos (ou outro tipo de forma geométrica) de betão a tirar o Tejo ao Barreiro quando sabemos que existem 5000 fogos desocupados que podem e devem ser reabilitados (numero de fogos semelhante ao que está previsto ser construído no Masterplan). Acreditamos que naquela zona possa surgir um espaço de infra-estruturas públicas ou privadas que em tudo dignifiquem a vida nesta cidade. Somos também contra a Chamada Centralidade de Coina, o projecto para aquela área não só colocará em perigo o equilíbrio ecológico e exercerá pressão sobre a Mata da Machada, como também sobre o sapal de Coina condenando assim, definitivamente, o Barreiro ao estigma de Cidade Dormitório.
Vemos o Barreiro Velho como um espaço inter-geracional, um espaço de cultura de rua, de divertimento e convívio, um espaço seguro e agradável tanto para jovens como para os mais idosos. E para isso queremos o Barreiro Velho requalificado. Recuperar as casas degradadas, criar mecanismos de atracção de pessoas e comércio e retirar a circulação de automóveis é nosso compromisso.
Defendemos a transparência na Câmara, não só a nível de processos e de acesso à informação, como também na abertura de todas as sessões da Câmara aos cidadãos e jornalistas. Como tudo o que os órgãos autárquicos empreendem diz, directa ou indirectamente, respeito aos cidadãos, estes têm o direito de saber o que é feito, quem o faz, quando o faz, como o faz e acima de tudo porque o faz…
Somos contra a política dos “Job for the Boys”. Quando é o nosso futuro que está em causa, queremos que quem o decida seja o mais competente possível, a pessoa mais indicada para tratar dos assuntos em questão, e não um “chefe” que revela muitas vezes ignorância nas matérias que trata. A situação económica das autarquias é grave o suficiente para que se brinque com o erário público pagando ordenados chorudos a indivíduos incompetentes para o cargo que ocupam, ou porque são amigos dos autarcas ou estes, por qualquer razão menos clara, lhes devem algum tipo de favores.
Queremos apoiar as estruturas associativas, tanto a nível financeiro e técnico, como através do diálogo. Mas também queremos criar critérios equitativos e transparentes para a atribuição dos referidos apoios tendo em conta a especificidade, a natureza e os objectivos de cada uma, e isto juntamente e em sintonia com todas as associações. Nesta área é preciso estabelecer prioridades, que para nós passam pelo apoio ao desenvolvimento da cultura, dos desportos locais, e de projectos que apoiem o combate à pobreza, a juventude, a terceira idade e pessoas com capacidades reduzidas.
Já agora deixo aqui umas deixas para as três principais forças políticas:
PSD – Onde me tratam bem é que é a minha terra (Cícero, in “Tusculanarum”)
PS - Muito palavreado e poucas obras (Horácio, in “Epodos”)
CDU – Cada qual segue a carreira que lhe agrada (Virgílio, in “Bucólicas”)
*Candidato do BE à Assembleia Municipal do Barreiro